O dono do banco BTG Pactual, André Esteves, disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o procurou na última quinta-feira (25), quando vários secretários do ministro da Economia, Paulo Guedes, pediram demissão. Também afirmou que foi consultado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre qual seria o limite para a queda da taxa de juros, a Selic. Em reuniões com investidores, em áudio vazado pelo site Brasil 247, o banqueiro ainda faz troça com a ex-presidenta Dilma Rousseff.
Comportando-se como “dono do Brasil”, disse que as eleições do ano que vem serão decididas “no centro”. Afirmou que “se (o presidente) Bolsonaro ficar calado, é favorito”. Mas não será reeleito se ficar “malucão”.
“Para quem não sabe, o secretário do Tesouro acabou de renunciar, com mais três outros, tem mais quatro ameaçando. E eu atrasei um pouquinho porque o presidente da Câmara me ligou para perguntar o que eu achava”, relatou o banqueiro. Sugeriu então que Lira acompanhasse sua palestra num evento do BTG Pactual chamado “Future Leaders”, para filhos de grandes empresários.
De acordo com o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile, as falas de Esteves revelam que a burguesia brasileira prioriza o lucro a qualquer preço. “O áudio vazado do banqueiro André Esteves revela a natureza fascista da burguesia brasileira, que raciocina assim: Se o capetão ficar calado, nós o queremos por lá e não importam os 605 mil brasileiros mortos, nem os milhões de desempregados…”, criticou.
Já na sexta-feira, pouco antes, ao anunciar o novo secretário de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, Guedes se confundiu e citou o nome de André Esteves. O ministro classificou o episódio como um “ato falho”, mas também revela a influência do banqueiro nos bastidores.
Independente de quem?
Já na conversa com Campos Neto, Esteves disse que o Brasil “não comporta” a fixação da taxa básica de juros em 2%. A partir de março deste ano, o BC iniciou movimento de elevação da Selic. Com nova subida, na última reunião, em setembro, a taxa básica ficou em 6,25%, o maior nível em dois anos. “Em algum momento a gente se achou inglês demais”, teria dito o banqueiro ao comandante da política monetária. Revelou ainda que foi preciso “colocar o guizo” no gato ao explicar aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta importância do Banco Central independente.
Para a presidenta da PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), além de “preconceito e arrogância”, o conteúdo das conversas do dono do BTG mostram que o mercado financeiro determina as prioridades da Câmara e do BC. “Para governo e entorno, orientados por banqueiros, povo é detalhe estatístico, contornável com parco auxílio por aplicativo de celular”, criticou.
Fonte: Rede Brasil Atual
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