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Narrando os 200 anos da Imigração alemã: 18º capítulo - A história de Johann Daniel Hillebrand


Johann Daniel Hillebrand em São Leopoldo na década de 1870

João Daniel Hillebrand nasceu na Alemanha, em 1800. Era filho de Johann Christoph Hillebrand e Dorothea Elisabeth Warkhaupt e foi batizado na igreja de São Miguel. Estudou medicina em Göttingen e participou da batalha de Waterloo, ainda como estudante, socorrendo os feridos.

No segundo grupo de emigrantes que aportaram no sul do Brasil, a 6 de novembro de 1824, estava Hillebrand, a bordo da barca Germânia com outros 80 conterrâneos. Desde o início, ele viu a colônia se desenvolver e muito auxiliou para o desenvolvimento administrativo e cultural da Colônia de São Leopoldo e região.

Nos primeiros anos, ele foi nomeado como vice-inspetor da Colônia de São Leopoldo e procurava abrigo e provimentos para todos os colonos recém-chegados. Na época da Revolução Farroupilha, quando os imigrantes se dividiram entre farrapos e legalistas, Hillebrand se manteve firme ao lado do imperador, coordenando, desde o início, os imigrantes pela causa imperial. Contou com grande ajuda de outro imigrante, chegado alguns anos depois de Hillebrand, Mathias Mombach, que tinha grande experiência das guerras napoleônicas.

Durante um ano, em 1836, quando os farrapos estiveram perto da região, Hillebrand teve que abandonar a região com outros 400 colonos. Foi Hillebrand que manteve a ordem na colônia. Quando a revolução terminou, ele ganhou o título de coronel e foi nomeado comandante da Guarda Nacional. Também se tornou diretor da Colônia de São Leopoldo, cargo que assumiu com firmeza, passando relatórios a capital da província, sobre as demandas e acontecimentos da região colonizada pelos alemães.

Nunca deixou sua profissão. Atendia os imigrantes e era, nos anos iniciais, o único médico da colônia. Em 1848, realizou um gigantesco trabalho para a época, que registrou mais uma vez seu nome na história. Hillebrand percorreu todo o interior e visitou praticamente todas as famílias, anotando os nomes e datas de nascimento dos imigrantes, a data de chegada no sul do país, a profissão e a procedência deles na Alemanha, realizando, assim, o primeiro censo demográfico da região. Seu trabalho, até hoje, é conhecido como a “lista de Hillebrand”.

Em 1855, quando a cólera tomou conta da região e os poucos médicos que havia fugiram para o interior, Hillebrand permaneceu em São Leopoldo e organizou um serviço de assistência, tirando das ruas os doentes e concedendo atendimento a todos no hospital. Pagou do próprio bolso as comidas e os remédios para os doentes.

Em 1865, foi presidente da comissão que recebeu o imperador Dom Pedro II em São Leopoldo. Não casou, mas deixou descendência. Faleceu no ano de 1880, em sua residência, em São Leopoldo. Como escreveu Hunsche: “... (Hillebrand) submeteu, em toda sua vida, todo o interesse próprio (riqueza, felicidade, saúde e honras) ao interesse do bem comum. Sua vida foi um único serviço ao próximo. Como médico, servia aos doentes e necessitados e, como homem público, servia à coletividade”.

Hillebrand ganhou o título de cavalheiro da Ordem da Rosa e posteriormente da Ordem de Cristo. Era conhecido pelos imperialistas como o “baluarte da legalidade” e, por Koseritz, como o “patriarca de São Leopoldo”.


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