O máximo denominador comum do gênero animal é a sexualidade. E a única diferença, a que distingue os homens dos outros animais, é a discrição, a reserva quanto à sua vida íntima. Macho homem nenhum, de cabeça boa, se divertiria, nesse item, com fêmea de sua espécie, na via pública, como fazem os vira-latas sem coleira e sem dono, quando deparam com uma fêmea dando sopa.
O inciso X do artigo 5º da Constituição Federal mais não faz do que reconhecer essa reserva, essa discrição, essa armadura em volta do ser humano, ao transformá-las em direito inviolável.
O que dizer então, quando a própria pessoa comete, com relação a si mesma, essa violação e, por assim dizer, abre as portas de sua alcova para revelar “urbi et orbe”, como se descarta das necessidades fisiológicas que a natureza impõe na área da sexualidade?
A pessoa que assim se expõe mais não faz do que autorizar a se pensar, a se imaginar como ela se comporta na cama. Se tiver aparelho reprodutor de macho, mas não gosta de mulher, o que fará com ele? Botará uma calcinha vermelha com fitinha em cima dele? Onde residirá sua fonte de prazer se a sua companhia na cama for outro, com o mesmo aparelho, e que também não gosta de mulher?
Ah, aí, a imaginação de quem usa seus aparelhos de reprodução de acordo com o figurino da natureza, que assim os criou para garantir a preservação da espécie, viaja, vai pelas alturas, porque nessa área a imaginação não tem limites.
Agora, gaúchos que se metem debaixo da pilcha, do poncho, de guaiaca e faca na cintura, bebendo cachaça na guampa, montando nem que seja em cavalo alugado, misturando bosta com lama no Parque da Harmonia, para celebrar as façanhas do passado, acabam de ouvir de um sucessor de Flores da Cunha, de Borges de Medeiros, de Júlio de Castilhos na área política: sou gay. Servirá de modelo essa façanha?
João Eichbaum, é escritor e cronista
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