Com denúncias que sugerem prevaricação na compra da vacina Covaxin e áudios divulgados ontem pela colunista do UOL Juliana Dal Piva que apontam para Jair Bolsonaro ter participado de "rachadinhas", o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem recebido cobranças para abrir um processo de impeachment. Em entrevista à Jovem Pan, Lira afirmou não estar em seus planos começar o processo contra o atual presidente federal.
Ele disse que o impeachment não é feito pelo presidente da Câmara e deve ser composto por uma "construção" de circunstâncias. "Quero deixar claro que não podemos institucionalizar o impeachment no Brasil. A gente tem que aprender a discutir com seriedade, o Brasil não pode ser instabilizado politicamente a cada presidente que é eleito", apontou.
O papel do presidente da Câmara, segundo Lira, é atuar com imparcialidade e aguardar o desenrolar dos acontecimentos. "Nesse momento não há nenhum fato novo que justifique (o impeachment), que tenha alguma ligação direta com o presidente da República. A não ser o fato de um parlamentar ter dito que entregou a ele alguns documentos em voz que não justificam por enquanto", completou.
Para o líder da Câmara, a abertura de impeachment contra Bolsonaro desestabilizaria, especialmente, a economia e faria o país parar por pelo menos seis meses. Ele avalia que o andamento da CPI da Covid está normal e cabe à comissão analisar os depoimentos trazidos.
Além do impeachment, outra questão que tem recaído no deputado é o do voto impresso. "Um assunto como esse, que tem demanda e apelo popular, foi e está em discussão. Foi aprovado na CCJ, foi criada a comissão especial e está seguindo o seu rito normal. Lógico que todos os projetos na Casa, principalmente uma PEC, precisam de apoio, não podemos interferir em uma situação partidária. Colocaremos em votação, não tenho compromisso com o resultado", explicou.
Caso seja aprovado, o voto impresso teria que ser instituído pela Justiça Eleitoral. "Se não, fica como está", disse Lira. O presidente da Câmara afirmou não ter queixas do sistema atual de votos no Brasil, mas que acredita que se o voto impresso for aceito, seria positivo para acabar com as "versões na rua" de que há fraudes nas eleições.
"Muito melhor uma averiguação matemática calibrada, do que talvez uma eleição questionada", apontou.
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