Em marcha lenta desde as inundações de maio, que retalhou e limitou o tráfego aéreo do Rio Grande do Sul, o setor de turismo aguarda com apreensão a reabertura parcial do Aeroporto Salgado Filho na semana que vem. O Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes da Serra Gaúcha (SindTur) espera dobrar a ocupação na região após a reativação do principal terminal aéreo do Estado. Maior disponibilidade de voos saindo diretamente da Região Metropolitana, demanda reprimida e confirmação de viagens de última hora são os principais fatores que bancam a confiança do ramo.
Hoje, a ocupação média nos hotéis da região está em 35%. A expectativa é de que esse percentual suba para até 70% nos próximos meses, segundo o presidente do SindTur, Cláudio Souza. O executivo afirma que a maior parte dessa aceleração deverá ocorrer apenas após a reabertura do terminal. Hoje, as vendas antecipadas estão andando em ritmo lento, sem operações de pista no aeroporto. Na avaliação do dirigente, parte dos clientes tende a fechar negócio de última hora, já em um cenário com pousos e decolagens no Salgado Filho.
"Hoje, nós já temos a ocupação de novembro e dezembro efetivada entre 28% e 35%. Temos a esperança de que, tanto para novembro quanto para dezembro, a gente ultrapasse os 70% de ocupação. A performance vai ter que ser muito boa após a reabertura do aeroporto para chegarmos nesses números. Mas estamos confiantes porque sempre somos muito resilientes e trabalhamos muito o mercado", afirma.
Souza destaca que essa projeção pega a ocupação da rede hoteleira de Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula. Com base nessas projeções de alta, o setor já está preparado para aumento de demanda, segundo o dirigente. "As empresas já contrataram, estão com os seus quadros prontos. Talvez, em alguns finais de semana, a gente tenha que recorrer àquela modalidade de trabalhador de final de semana. Mas estamos prontos, com todos os equipamentos em ordem para atender os turistas. Os shows de Natal já estão todos alinhados para iniciar no final do mês. Então, estamos preparados para atender ao fluxo que queremos receber", explica o presidente do SindTur.
Cinco meses após ser interditado em razão de danos na pista, causados pela enchente, o Aeroporto Salgado Filho retoma a operação de forma parcial em 21 de outubro. Três dias depois, começa a 39º Natal Luz de Gramado, um dos eventos mais importantes da região e que costuma atrair turistas de diversas regiões.
Impactos nas vendas de viagens
A maior disponibilidade de voos chegando e saindo da Região Metropolitana também repercute no setor das agências de viagens. O presidente da Associação das Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado, afirma que o segmento verificou aumento nas vendas desde a confirmação da reabertura do Salgado Filho. No entanto, também projeta maior apetite por pacotes a partir da reabertura oficial, porque parte do público que fecha o negócio em cima da hora gosta de efetivar a compra a partir do momento que verifica a operação funcionando 100%:
"Já estamos preparados para bastante trabalho na semana que vem. Que a gente tenha reservas de última hora, que tenha que emitir passagens, principalmente para atender a esse público que está esperando essa reabertura oficial", conta.
Machado afirma que esse é um bom momento para a compra de passagens de maneira antecipada. Como algumas companhias estão abrindo novos voos do zero, existe espaço para bilhetes com preços mais em conta.
Volta à normalidade apenas no próximo ano
Mesmo com o impulso esperado para a reta final do ano, o setor de turismo da Serra projeta que as empresas convivam com patamares de ocupação mais próximos da normalidade apenas em 2025. Como o turismo da região costuma perder parte dos potenciais clientes no período de verão, o presidente do SindTur projeta retomada de fôlego a partir do segundo trimestre do ano que vem.
"Acredito que seja realmente da Páscoa para frente. O primeiro trimestre vai ser mais complicado para nós. Mas depois disso, ali a partir de abril, a gente já começa a retomar um fluxo normal nosso, com uma expectativa de um grande ano para 2025", projeta Souza.
Fonte: GZH
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