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Foto do escritorPaulo Roque Luiz

Quem está se preocupando com a saúde mental dos pequenos empresários... ou isso não é importante?


Paulo Roque Luiz, é contador e Presidente do Sindicontabil Vale Dos Sinos

O Brasil é o país mais hostil para quem pensa em empreender... A impressão que dá é de que aqui todo e qualquer empresário é tratado como bandido. Hoje temos no estado do Rio Grande Do Sul, segundo a junta comercial, em 2020, mais de 100 mil empresas fechadas nos ramos de comércio em geral (como lojas de calçados, roupas, incluindo pequenos mercados), serviços (como salões de beleza, treinamentos, escolas) e, por fim, bares e restaurantes.


Os dados do Sebrae apontam que as micro e pequenas empresas representam 99% dos negócios no Brasil, sendo responsáveis por 52% dos empregos diretos.


Assistimos passivamente aos agentes governamentais, estaduais e municipais, fecharem todos os estabelecimentos em nome da saúde e da ciência... uma hipocrisia política sem precedentes, com efeitos muito graves e extremamente danosos e preocupantes.


Nossos governos, estaduais e municipais, de fato, em momento algum, se preocuparam com a saúde da população e somente propalaram o caos. No início da pandemia todos apregoavam que precisávamos fechar por 15 dias para que pudessem adequar as estruturas de hospitais e UTIs para receber nossos possíveis infectados pela COVID.


Infelizmente, o que vimos foi que governadores e prefeitos receberam bilhões de reais em repasses da união, e definitivamente, ferraram com o povo e empresários, não aplicaram e nem ampliaram adequadamente as suas estruturas para tratamento da população.


O que hoje temos é o que sempre existiu, uma estrutura de saúde precária, deficitária, onde os maiores heróis são os profissionais da saúde, que, em momento algum, deixaram a população desamparada, inclusive, nos protegendo com suas próprias vidas.


A saúde mental tem sido discutida no ambiente de trabalho, do ponto de vista dos colaboradores, mas ainda é negligenciada para os que tem o pesado fardo dessa crise nas suas costas: os empresários.


Para que o empresário mantenha seu negócio ativo, ele precisa adquirir habilidades que nunca antes lhe foram solicitadas. Vamos ao seguinte exemplo: um empresário que possui um bar/pub, ele optou por esse negócio, provavelmente, por se identificar com a atividade.


Para que o seu negócio funcione, ele precisa realizar um investimento para a abertura, para contratar pessoas e gerenciálas, assim como contingenciar seus custos, realizar previsões de faturamento, entre outras atividades importantes. São habilidades que precisam ser desenvolvidas e ele precisa lidar com isso no dia a dia. Sabemos que ter um negócio vai muito além de atender ao público. Essas atividades somadas geram estresse e exigem do empresário tempo e dedicação. E, numa situação como essa que estamos vivendo, o nível de preocupação extrapola os níveis normais esperados para um empreendedor.


A pandemia despertou ainda mais o estresse nos empresários. Como exemplo, citamos o ato de demitir, que custa a saúde emocional do empresário, pois além de deixar um cidadão sem renda, as suas dívidas se acumulam. Só para se ter uma ideia, de acordo com dados do Sebrae e FGV, 36% das empresas acumularam dívidas na pandemia, enquanto o Pronampe, programa do governo, auxiliou com crédito para mais de 500 mil micros e pequenas empresas, mas, como todas as projeções iniciais, os valores não foram suficientes para que passássemos a fase turbulenta do abre e fecha decretados pelos nossos desvairados governantes.


Os empresários, na sua grande maioria, pensam somente no seu trabalho deixando para cuidar de sua saúde física e mental depois. O fator para a tomada de decisões constantes, responsabilidade exclusiva do empreendedor, também é determinante para esse nível de entrega absoluta, onde se negligência a saúde. Aqui se faz o ditado: "gasta a saúde para ganhar dinheiro e gasta o dinheiro para cuidar da saúde".


Esse assunto não é discutido dentro do ambiente dos empresários, pelo menos, não temos visto. O contexto da positividade tóxica, que obriga os sujeitos a serem exímios proclamadores do bem-estar e sucesso acima de tudo, esconde as mazelas da saúde mental do empresário. É preciso humanizar a visão fantasiosa construída pelo mito do empresário brasileiro - muitos precisam de ajuda e apoio psicológico e familiar neste momento. É agora! É urgente! É necessário! Ou teremos ainda mais efeitos colaterais indesejados deste período. Fica aqui a minha pergunta final: o que governos, entidades de classe e empresariais, podem fazer pelos empreendedores em relação à sua saúde mental?


Paulo Roque Luiz, é contador e Presidente do Sindicontabil Vale Dos Sinos

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