Após ter tido suas operações impactadas pela enchente de maio, agora a petroquímica brasileira Braskem, líder na produção de resinas termoplásticas nas Américas, tem manifestado preocupação com os efeitos de uma possível seca no Rio Grande do Sul. O temor dos diretores é que, com a estiagem, ocorra uma baixa no nível da hidrovia que compõe o trajeto responsável pelo escoamento das exportações até o Porto de Rio Grande e pela chegada de matéria prima para as operações.
Conforme dados de setembro do Centro de Previsão Climática (CPC) da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência climática dos Estados Unidos, as probabilidades para o trimestre de setembro a novembro são de 71% de La Niña, 29% de neutralidade e 0% de El Niño. Ou seja, é possível que o fenômeno La Niña se instaure entre outubro e novembro, o que representa um risco elevado de estiagem na Região Sul.
De acordo com o diretor industrial, Nelzo Silva, a companhia já ressaltou ao governo do Estado a importância dos esforços de dragagem na região. No mês de agosto, a Braskem precisou viabilizar, com o apoio de parceiros logísticos, uma operação de dragagem no Canal do Furado Grande ("Furadinho"), no Rio Jacuí, para permitir a passagem de navios operados pela companhia. Com isso, navios de carga de butadieno e de etanol conseguiram atracar normalmente no Terminal Santa Clara, no Polo Petroquímico de Triunfo.
Segundo a Braskem, a iniciativa é pontual e não resolverá a situação de “calamidade vivida pela hidrovia” no médio prazo, que se encontra em situação crítica após o acúmulo de sedimentos (assoreamento) causado pelas enchentes de maio.
Comandantes dos navios que circulam na região têm notado uma piora em alguns locais de navegação. Segundo o diretor industrial, há pelo menos quatro pontos críticos dentre os dezoito pontos de navegação monitorados pela Braskem em parceria com a Guarita Navegação. Ainda de acordo com Silva, até o momento, a Braskem chegou a investir R$ 8 milhões em batimetria – serviço relacionado à medição da profundidade dos cursos d’água.
O monitoramento ocorre ao longo de toda a extensão da Lagoa dos Patos nos 300 km entre a Região Metropolitana de Porto Alegre e Rio Grande. São eles: Piava do Meio, Pedras Brancas, Canal Leitão (localizados próximo a Porto Alegre) e o canal da Feitoria.
Autorizada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul e Portos RS, a dragagem no Canal do Furado Grande já retirou mais de 28 mil metros cúbicos de sedimentos de um total de 55 mil metros cúbicos previstos no projeto e deve ser concluída na metade de outubro. Em execução pela STER Engenharia, a obra visa manter as condições mínimas de navegabilidade no trecho de aproximadamente dois quilômetros que liga a Lagoa dos Patos ao Polo Petroquímico de Triunfo.
Fonte: Correio do Povo
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