O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse à coluna que a bancada do partido na Câmara pode mudar de posição no segundo turno de votação da PEC dos Precatórios, que deverá ocorrer na terça-feira (09).
Na sessão de ontem, em que a proposta de emenda foi aprovada em primeiro turno, a posição dos pedetistas foi decisiva para o resultado. Dos 21 deputados da legenda presentes, 15 votaram a favor. Para aprovar o texto, eram necessários 308 votos, e foram consignados 312 favoráveis.
"É possível acontecer a mudança de posição da bancada e eu trabalharei para isso", afirmou.
A atuação dos pedetistas na sessão de ontem desagradou o presidenciável do partido, Ciro Gomes, que resolveu suspender a candidatura ao Planalto até a realização do segundo turno de votação.
"É compreensível a insatisfação dele, porque a aprovação dessa PEC é como dar um cheque em branco para Lira e Bolsonaro", diz Lupi. "Por outro lado, os deputados se sentiram pressionados. Meu papel agora é botar água nessa fervura".
Sob argumento de conseguir recursos para pagar o Auxílio Brasil de R$ 400 até dezembro de 2022, a PEC dos Precatórios autoriza o governo a adiar pagamento de dívidas que a Justiça mandou quitar imediatamente e flexibiliza o teto de gastos, estabelecendo uma nova fórmula. "O governo teve recorde de arrecadação, não precisa usar esse expediente para conseguir dinheiro para pagar o benefício", observa o dirigente o presidente do PDT.
Ele justifica os 15 votos favoráveis à proposta de emenda sob alegação de que os deputados de seu partido estavam pensando em benefícios para a população como a liberação dos recursos do Fundef, que ficariam congelados por 10 anos e que com a PEC poderiam ser atualizados. Mas admitiu que a contrapartida negativa é muito maior.
"A repercussão foi muito grande. Sabe como é: à mulher de César não basta ser honesta, ela tem que parecer honesta", diz. "Como podemos seguir uma linha de oposição tendo um posicionamento assim?".
Lupi admitiu, porém, que não houve orientação da Executiva nacional para os deputados votarem contra a PEC.
Ele confirmou que entrou no Supremo Tribunal Federal contra as mudanças que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez no encaminhamento da votação, permitindo votos remotos, quando a obrigatoriedade é presencial. O objetivo é anular a sessão.
Ao mesmo tempo, está conversando com os correligionários para tentar mudar a situação. "Desde a madrugada de ontem, quando a sessão terminou, meu telefone não para. Nem consegui dormir", conta.
Fonte: Uol
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