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Presidente do Hospital Centenário, Ricardo Silveira, defende fortalecimento do SUS e destaca desafios da gestão hospitalar em São Leopoldo

Foto: Mariana Santos
Foto: Mariana Santos

Em entrevista concedida nesta quinta-feira ao Programa Start News, o presidente da Fundação Hospital Centenário, Ricardo Silveira, falou sobre os desafios da gestão pública em saúde, destacou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e relembrou a trajetória que o levou a atuar na área. O gestor possui uma vasta experiência e conhecimento técnico na área da saúde.


Ricardo Silveira contou que sua motivação para ingressar na área da saúde surgiu nos anos 1990, após vivenciar a perda do pai, vítima de um câncer de pulmão. “Percebi que os processos institucionais eram lentos, e comecei a me interessar por como tudo funcionava”, relatou. Desde então, ele tem se dedicado a estudar e atuar na área, com foco especial na gestão pública de saúde. Silveira reiterou sua crença no SUS, reforçando que cerca de 75% da população brasileira depende exclusivamente do sistema. “Mesmo os que têm planos privados muitas vezes acabam voltando ao SUS quando saem do mercado de trabalho. Nossa geração tem o compromisso de qualificar esse sistema”, afirmou.


Um dos principais pontos levantados por Silveira foi a necessidade de modernizar o SUS com a digitalização e integração de informações. Segundo ele, o grande desafio atual é garantir que os dados de cada paciente possam ser acessados por todos os profissionais envolvidos em seu atendimento. “Imagina um paciente chegar ao hospital e o médico poder ver todo o histórico dele: "consultas, medicações, exames. Isso racionaliza, economiza e melhora o atendimento”, explicou. Ele revelou que já estão sendo elaboradas ações nesse sentido no Hospital Centenário e que em breve haverá informes a imprensa e a população.


Silveira também chamou atenção para o envelhecimento da população e os impactos desse fenômeno no sistema de saúde. “Estamos envelhecendo mal. As pessoas chegam ao hospital com cada vez mais comorbidades, e isso exige políticas públicas voltadas à prevenção e promoção da saúde”, alertou. Ele destacou que países desenvolvidos investem entre 6 mil e 8 mil dólares por cidadão anualmente em saúde, enquanto o Brasil investe cerca de 800 dólares. “Isso mostra como o subfinanciamento é um gargalo. Mas também precisamos refletir: "o que cada um está fazendo pela própria saúde?”, questionou.


O Hospital Centenário, uma das instituições de saúde mais importantes da região, vive um momento de reestruturação profunda após anos de negligências administrativas e precarização de serviços. Segundo o presidente da Casa de Saúde, a unidade, que atende cerca de 31 municípios, enfrentava carência crítica de insumos básicos, atrasos históricos e processos administrativos defasados em até 40 anos. Além da falta de estrutura, o hospital também enfrenta a ausência de dados estratégicos e um modelo organizacional ultrapassado. “O organograma vertical fracassou. Hoje precisamos de uma gestão prestativa, colaborativa, que entregue resultados e valorize o protagonismo dos profissionais”, afirmou.


Ricardo também destacou o protagonismo das mulheres, que representam cerca de 80% da força de trabalho do hospital. “Se o Hospital Centenário se mantém há 94 anos, é pelo comprometimento dos funcionários. E vale destacar, que cerca de 80% da força de trabalho é composta por mulheres”, disse. Ele também ressaltou o papel essencial dos servidores do quadro permanente e dos profissionais terceirizados na reconstrução da estrutura hospitalar.

“Quando chegamos, havia R$ 30 milhões em dívidas com fornecedores. O hospital estava sem papel higiênico, álcool gel e até analgésicos simples. Foi preciso um enfrentamento duro para manter a porta de entrada da emergência aberta”, explicou Silveira.


Apesar dos desafios, Silveira elogia a atuação das equipes, especialmente nas áreas críticas como a emergência. “Tivemos casos de múltiplas vítimas, acidentes de trabalho graves, e a resposta da equipe foi impecável. A emergência, mesmo sendo terceirizada, funciona com excelência graças à qualificação dos profissionais e à boa integração com servidores da casa”, diz. Silveira defende que, embora a terceirização tenha sido uma escolha estratégica em determinado momento da história da instituição, é necessário buscar equilíbrio. “A população quer um atendimento de qualidade. Não importa se o profissional é concursado ou contratado, desde que o serviço funcione”, conclui.


Ele também destacou a importância de buscar certificações e selos de qualidade hospitalar, dado que menos de 8% dos hospitais brasileiros possuem acreditação. “Isso é o que queremos para o Centenário: processos, protocolos, e um padrão de qualidade que garanta um cuidado moderno e eficiente”, afirma Ricardo. O diretor finalizou a entrevista reiterando o compromisso com a valorização dos profissionais e com a transformação do hospital. “Temos que deixar as pessoas assinarem suas obras. O protagonismo tem que ser delas. Nosso papel é criar um ambiente de confiança e colaboração”, finalizou. Por fim, Ricardo Silveira agradeceu a acolhida que teve ao assumir a presidência do hospital, destacando o papel fundamental dos servidores da instituição.


Da Redação www.startcomunicacaosl.com.br - Por Mariana Santos - Jornalista - MTB 19788/RS





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