A Prefeitura de São Paulo levantou um muro na região da Cracolândia, no Centro da capital paulista. Antes, tapumes eram utilizados no mesmo local. O muro tem 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura e fica na rua General Couto Magalhães, próximo à Estação da Luz.
Agora, os usuários ficam confinados na área delimitada pelos muros e cercada por gradis entre as ruas dos Protestantes e dos Gusmões.
Em nota, a Subprefeitura da Sé informou nesta quarta-feira (15) que “a estrutura, na rua General Couto de Magalhães, foi erguida com o intuito de substituir o tapume que havia no local e favorecer a segurança de pessoas em situação de vulnerabilidade, moradores e trabalhadores que transitam pelo bairro”.
A prefeitura ainda argumentou que a construção do muro servirá para melhorar o atendimento dos usuários, garantir mais segurança para as equipes de saúde e assistência social na região.
Atualmente, o fluxo confinado pelo muro na rua dos Protestantes é considerado o único ativo na região central da cidade.
Recentemente, uma denúncia exclusiva da Gazeta mostrou um casarão no bairro da liberdade que gera medo nos moradores da região, devido aos usuários de drogas que ficam no local.
Campo de concentração e usuários encarcerados
Para a representante do coletivo Craco Resiste, Roberta Costa, em entrevista ao portal g1, o muro fecha “um triângulo no fluxo” e cria um “campo de concentração de usuários”.
Com o muro e os gradis, a região vira um triângulo cercado. Em tese, os usuários são livres para sair e entrar no local, mas, segundo ativistas, são direcionados pelos guardas civis sempre para a mesma área.
Para Roberta o muro foi levantado para manter os usuários no espaço e “cobrir” a visão da Cracolândia para quem passa de carro pela rua General Couto Magalhães.
“A gente vive hoje na cidade uma cena absurda e bizarra de violência contra as pessoas desprotegidas socialmente. É uma coisa que não vem de agora, já faz muitos anos que o poder público viola essas pessoas”, critica.
Ela afirma ainda que a situação só piorou e que o local parece um campo de concentração. Roberta disse, ao portal g1, que o muro “encarcerou” os usuários, e os movimentos de direitos humanos são impedidos de entrar na área para prestar serviço a eles.
Ela conta que tentaram fazer uma ação de Natal no dia 22 de dezembro com frutas, comida e arte, mas foram impedidos de se aproximarem dos usuários.
“Não cuidam e também nos impedem de cuidar. Esse triângulo é delimitado por esse muro que foi construído para as pessoas com carro não verem as pessoas que estão ali. E quem quer sair das grades ou ficar na calçada – do outro lado da rua – é comum receber spray de pimenta na cara para voltar para a grade”.
Em nota, a prefeitura contesta informações de confinamento, confira nota na íntegra.
A Prefeitura de São Paulo contesta a divulgação de ilações sem fundamentos a respeito do trabalho de acolhimento e assistência à saúde sem precedentes que está sendo feito pela atual gestão na Cena Aberta de Uso (CAU) na Rua dos Protestantes.
Seguem esclarecimentos:
1. O muro mencionado pela reportagem foi instalado em maio de 2024 onde já existiam tapumes de metal para fechamento de uma área pública. A troca dele foi realizada para proteger as pessoas em situação de vulnerabilidade, além de moradores e pedestres, e não para “confinamento”.
2. Os tapumes eram quebrados com frequência, oferecendo risco de ferimentos a essas pessoas. Por isso, a substituição por alvenaria.
3. De novo, não há confinamento. Pelo contrário. Para garantir a segurança, acesso e atendimento às pessoas que ocupavam o terreno público, a Prefeitura retirou os tapumes do lado da Rua dos Protestantes, abrindo a área. O trecho ao lado da Rua Couto de Magalhães foi mantido para proteção das mesmas em decorrência do fluxo de veículos na via e circulação nas calçadas.
4. Além da substituição dos tapumes pelo muro, que possui 40 metros de extensão, a Prefeitura também fez melhorias no piso da área ocupada para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Portanto, não são verdadeiras as afirmações de que a administração municipal atuou na região com outros interesses que não sejam a assistência e acolhimento às pessoas em vulnerabilidade na Cena Aberta de Uso.
Da redação do www.startcomunicacaosl.com.br
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