"Um moço estava espirrando nesses assentos (Covid). Não sente-se (Covid)". O aviso estava colado no banco de um ônibus municipal de Praia Grande, no litoral de São Paulo. O cartaz, colocado assim que o passageiro desceu do transporte público, chamou a atenção de quem estava no veículo, foi fotografado e repercutiu nas redes sociais.
O g1 conversou com Leonardo Weissmann, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia. O especialista afirma que só há problema de sentar naquele local se o passageiro encostar a mão na poltrona que teve contato com uma eventual gotícula de saliva de alguém infectado, e depois levar até alguma mucosa, como o nariz, boca ou o olho.
O registro foi feito nesta quarta-feira (12), por um morador que estava na linha 17, que faz o trajeto entre o Terminal Tatico e o bairro Tude Bastos. Ao g1, o homem, que ia a uma consulta médica e prefere não se identificar, contou que, em determinado momento da viagem, viu um passageiro espirrando, sentado no fundo do ônibus.
"Depois, ele desceu, e uma outra pessoa escreveu isso e colocou no banco, para alertar as outras pessoas, para não sentarem", explica. O passageiro afirma que havia cerca de dez pessoas no veículo, e que até ele descer em um ponto no bairro Boqueirão, ninguém havia se sentado naquele lugar.
"Achei bacana [o aviso]. Mesmo os outros tossindo e tendo sintomas, as pessoas não passam álcool em gel na mão, e as empresas também não fazem a higienização direto, só uma vez por dia, que eu saiba. O cara fez a parte dele, de não sentar no local, e ainda colocou um aviso para alertar as outras pessoas que poderiam, eventualmente, sentar ali e pegar Covid, caso o passageiro tivesse", declara.
O g1 tentou contato com a Viação Piracicabana, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Contaminação
A principal forma de transmissão da Covid-19 é de pessoa a pessoa e em contato com gotículas eliminadas pela fala, tosse e espirro, por um indivíduo infectado. Isso pode ocorrer, principalmente, em ambientes pouco arejados, como o caso de um ônibus, conforme explica Weissmann.
O infectologista esclarece que, no caso da foto, haveria problema se o próximo passageiro encostasse no assento e levasse a mão até uma mucosa. "Sentar nessa poltrona não é o problema, só é se a pessoa botar a mão ali e colocar no olho, no nariz e na boca", explica.
Nessa situação, pode ocorrer a chamada transmissão indireta, que é quando há contato com um objeto ou superfície infectada. O especialista destaca, ainda, que sempre que possível, as pessoas devem evitar ambientes cheios, usar máscara cobrindo o nariz e a boca, além de manter as mãos higienizadas.
Fonte: G1
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