O mês de outubro teve o registro de uma média diária de 180 golpes no Rio Grande do Sul. Foram 5.596 casos nos 31 dias do período. Conforme a Polícia Civil, predominam práticas aplicadas no meio digital, por meio de iscas lançadas em mensagens de SMS ou WhatsApp para um grande número de contatos telefônicos.
Ao interagir, a vítima acaba sendo induzida a realizar transferências ou a repassar informações pessoais que serão utilizadas pelos golpistas em compras ou tomada de crédito pessoal.
"Recebi a mensagem por SMS, identificada como sendo de uma instituição financeira com oferta de crédito para pequenos negócios. Não sei como sabiam meu CNPJ, mas abordaram já com proposta de empréstimo. Como eu precisava, comecei a conversar", conta a vítima, 36 anos, que registrou o caso na Delegacia On-line.
A empreendedora, que prefere não se identificar, diz que começou a desconfiar que se tratava de um golpe após sucessivos pedidos de valores via Pix, os quais seriam aplicados em taxas para emissão de certidões negativas de débitos fiscais, segundo dizia o interlocutor nas mensagens.
"Primeiro pediram R$ 45 para uma taxa. Mandei. Logo veio outro pedido e comecei a questionar. As respostas passaram a ficar confusas e então fiz contato com a instituição. Foi quando me alertaram que era mesmo um golpe. Meu medo agora é que usem dados que passei para cometerem outros crimes", desabafa a vítima.
Em outra forma de abordagem, criminosos utilizam o dispositivo que tranca o cartão da vítima na máquina de saque bancário, conhecido como chupa-cabra. Um cartaz colocado na máquina induz a vítima a interagir com estelionatários por telefonema, dando início à tomada de valores ou informações pessoais.
"Prendemos um criminoso que fazia este tipo de ação na cidade de Cachoeirinha e ele revelou que recebia instruções de fora do Estado, o que nos sugere que golpistas podem ser treinados e financiados pelo crime organizado", aponta o titular da 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, André Lobo Anicet.
Queda nos registros
Embora 180 casos diários registrados em outubro representem um volume expressivo, houve queda com relação ao mesmo mês do ano passado, quando tinham sido registrados 7.721 casos. Naquele período, a média foi de 249 estelionatos por dia.
A redução percentual é de 27,5% e ocorre após dois anos com registros em elevação. Em 2021 eram 7.012, e em 2022, haviam sido 7.378.
"A Polícia Civil está cada vez mais preparada para enfrentar este novo cenário dos estelionatos. Por isso, temos obtido indicadores positivos que demonstram esta redução", aponta a delegada Vanessa Pitrez, diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
De acordo com a delegada e sem descrever detalhes, a lista de elementos que qualificam o trabalho de investigações passa pela criação e aquisição de softwares específicos, equipamentos e ferramentas tecnológicas de investigação, além de treinamento especializado
"Agentes participam de treinamentos tanto com especialistas da própria Polícia Civil do RS, quanto de outros Estados. Além disso, participam de cursos, capacitações, seminários, encontros, debates e estudos de casos, dentro e fora do Rio Grande do Sul", explica a diretora do Deic.
Como denunciar
Caso seja vítima de algum golpe ou perceba que uma página ou perfil está disseminando notícias falsas, registre o fato na Polícia Civil. Só assim será possível investigar os crimes e chegar aos responsáveis.
A comunicação pode ser feita por meio dos números 197, 181 ou no (51) 98444-0606. Também é possível registrar ocorrência presencialmente em qualquer delegacia ou pelo site da Delegacia On-line.
Fonte: GZH
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