Quem for servido de um par de boas orelhas para não ouvir errado, prepare-se para cair duro: o Fachin, sim, ele mesmo, o Luiz Edson Fachin, aquele que anulou os processos do Lula e escreve enrolado, já cometeu poesias.
Carlos Barroso, em matéria assinada no blog do Fausto Macedo, resolveu deixar o mundo em perigo de intoxicação com sopa de letrinhas, através dessa informação: o cara até em antologia de poemas já soltou a língua e os respectivos verbos.
“O ministro foi poeta atuante da poesia-mimeógrafo, mais conhecida como marginal”, diz o articulista. E pinça uma das poesias: “bem mais duro e forte, aqui dentro/ há um monstro/ bem mais duro e forte/ que se contenta com rosa/ e já cedo é guindaste de ferro e aço”.
Coisa muito parecida com as palavras cruzadas que ele, o poeta Fachin, juntou nos autos em que foram anulados os processos do Lula, assim: “o tema, com efeito, diante de situações similares julgadas pelo Tribunal, nada obstante nos quais restei vencido, atingiu desenvolvimento que propicia, superado o ciclo de maturação temática, análise das respectivas alegações aqui deduzidas”...
Quanto a ter um troço duro e forte por dentro, é assunto meio pesado para desenvolver aqui. Pode estabelecer mal-entendidos em ouvidos de madames. Ou pode haver crianças por perto. Mas, na contramão desses pundonores, é de arrancar da torcida auri-cerúlea um grito orgásmico, retumbante, capaz de chegar ao monumento do Ipiranga, quando ela souber que, para ter o ferro por dentro, mais não é preciso do que oferecer a rosa ao monstro.
Sem querer ofender a Jesus Cristo, numa hora dessas a gente tem que lembrar das parábolas dele, com seus recursos de oratória. É mais fácil enfiar agulha em ânus de mosquito, de noite e de olhos fechados, do que desencalhar as ideias dos escritos de Fachin, coalhados de preposições e advérbios. Quer em prosa ou quer em verso.
João Eichbaum, é escritor e cronista
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