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Narrando os 200 anos da imigração alemã no Brasil: 45º capítulo - Registros Fotográficos que eternizam a história - 2ª Parte

Registros Fotográficos que eternizam a história - 2ª Parte


O avô de Hugo, Guilherme, era um homem dinâmico, sendo um dos primeiros comerciantes de Novo Hamburgo.


Outro retratista leopoldense foi Carlos Seewald, que deixou importante legado retratando eventos familiares e cenários urbanos. Do seu trabalho podemos destacar as fotos feitas por ocasião das enchentes que ocorreram na década de 1920 em São Leopoldo.


Com a entrada do século XX e o passar das décadas, a fotografia torna-se mais barata e o seu uso se alastra por todos os segmentos sociais. Logicamente, a maioria dos fotógrafos está concentrada no meio urbano, principalmente nos núcleos urbanos de São Leopoldo, Hamburgo Velho e Dois Irmãos.


Nessa época, a fotografia passa a ser usada para registrar os principais acontecimentos de uma elite que estava buscando consolidar seu bem-estar socioeconômico. Eventos como o batismo, a primeira comunhão, o casamento, festas familiares, entre outros, viram alvos das lentes dos fotógrafos.


Os álbuns de família tornaram-se um modismo dos grupos sociais de médio e alto poder aquisitivo e, assim, até mesmo as crianças das cidades passaram a ser constantemente retratadas.


Nas remotas picadas do município de São Leopoldo, a fotografia ainda não estava tão disseminada quanto no meio urbano. Ainda não existiam as máquinas fotográficas portáteis, cabendo ao fotógrafo que, muitas vezes, vinha de longe, efetuar os retratos familiares.


 As imagens mostram eventos, momentos familiares marcantes como casamentos, vestimentas, penteados, e aspectos gerais da cidade de São Leopoldo. Sem dúvida, o casamento foi um evento retratado de forma abundante.


No dia do casamento os noivos dirigiam-se para a igreja ainda pela parte da manhã. Com o acompanhamento da família e dos convidados, ocorria a cerimônia religiosa. Em muitas situações, todos os moradores da Picada compunham o grupo de convidados. Noivos e testemunhas usavam trajes festivos. Até determinada época a noiva vestia preto, com a grinalda branca. Num segundo momento o vestido também passou a ser branco. A roupa de ambos permaneceria sendo usada em momentos solenes dos quais o casal viesse a participar no futuro.


As festividades, que se estendiam por dois dias, podiam ocorrer na casa do noivo ou da noiva. Após a cerimônia religiosa, o evento prosseguia com o tradicional almoço ou a ceia no final do dia. Era servida uma sopa de massa fina na entrada, em seguida se passava para o assado de gado e de porco, além do chucrute, massa e salada de batata. A fartura gastronômica prosseguia com o café da tarde, que incluía pães, cucas e bolos. No dia seguinte os convidados retornavam para mais uma etapa de carne assada, no forno ou no espeto.


No meio urbano de São Leopoldo os costumes não eram muito diferentes, exceto pela possibilidade de realizar a festa em algum clube ou sociedade, onde o requinte e a sofisticação dependiam da condição financeira das famílias dos noivos.


Festas de casamento se constituíam num evento social de grande magnitude e, portanto, foram retratados amplamente. Além dos retratos dos noivos, um dos momentos aguardados era a tradicional foto do casal acompanhado por todos os convidados. Esse era o costume da época.


Em todas as fotografias reunidas em álbuns, dispostos sobre os móveis, ou emolduradas nas paredes, ocorre uma leitura por meio de narrativas.


Quanto à composição do cenário, quase sempre tem alguma ligação com o sentido de sensibilidade ou de fragilidade. Neles geralmente “as meninas aparecem com roupas claras, muitas flores e com símbolos religiosos. Essa representação insere as mulheres dentro do espaço ou ambiente concedido ao feminino: os ambientes doméstico, privado e religioso”.


Igualmente, muitos desses profissionais eram requisitados para fotografar crianças mortas, que eram retratadas no próprio velório.


Nos dias atuais as pessoas já não conseguem se desvincular dessa tradução da vida através das imagens. Possivelmente porque apenas viver não seja o suficiente. Da vida são necessários muitos registros, e para obter isso se torna necessário recorrer a suportes materiais de auxílio à memória que “surgem a partir do sentimento de que não há memória espontânea, por isso é preciso criar arquivos, manter aniversários, organizar celebrações”.250 Instantes da vida capturados pela fotografia tornam-se uma coleção de retratos. Volta e meia, de forma casual, nos deparamos com a caixinha de  fotografias retirada de dentro do guarda-roupa; nesse instante o tempo congela e em seguida, retrocede. Retornamos à época da infância, à casa dos pais, às brincadeiras, à comida preparada pela avó.


 Pastor W. Rotermund foi uma figura carismática e ilustre na cidade. Seu legado para a sociedade e, acima de tudo, sua pessoa, foram amplamente retratados através de fotografias ao longo da sua vida. Inclusive nos instantes seguintes à sua morte, fotos mostram o cortejo pelas ruas centrais, bem como o culto de corpo presente. A cidade estava se despedindo do seu eterno pastor.


Sem dúvida, uma das paisagens mais retratadas ao longo dos anos foi a ponte sobre o Rio dos Sinos, localizada junto ao antigo “passo”, defronte à Igreja Nossa Senhora da Conceição. A referida igreja e a ponte são indissociáveis quando a questão remete a fotografias ou a desenhos e litografias daquele cenário. Definitivamente, o principal cartão postal da cidade era aquele conjunto arquitetônico.


Fonte: Histórias de São Leopoldo: dos povos originários às emancipações, de Felipe Kuhn Braun e Sandro Blume/ Pesquisa Bado Jacoby


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