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Narrando os 200 anos da imigração alemã no Brasil: 45º capítulo - Registros Fotográficos que eternizam a história - 1ª Parte

A fotografia foi inventada na França na primeira metade do século XIX247, no momento de um mundo em transformação com a presença da industrialização, que estava alterando o cotidiano das pessoas. Era necessária uma representação de imagem mais instantânea, em relação ao que existia até então, que eram os desenhos, as litografias e outras gravuras. Sobre essas mudanças em relação às representações da imagem, Susan Sontag (2004), ao elaborar importantes estudos sobre o advento da fotografia, percebe que a realidade sempre foi interpretada através das imagens, embora os filósofos sempre tenham evocado outras maneiras de apreensão do real, sem o uso das imagens. Mas nem a investida do pensamento científico e humanista em meados do século XIX levou a uma deserção desse tipo de interpretação da realidade.


O progresso e as inovações tecnológicas foram o foco das pessoas que vivenciaram aqueles anos do século XIX, num contexto onde o futuro promissor e moderno estava em pauta nas discussões. O desenvolvimento da indústria permitia ao indivíduo reorganizar os espaços e as percepções de ser. As mudanças rápidas, tanto do espaço urbano quanto da acessibilidade aos objetos, transformaram as maneiras de olhar.


O século XIX foi, por excelência, um momento de transformação em múltipla escala. Produtos novos e máquinas desconhecidas atestavam que a ciência aplicada à tecnologia era capaz de tudo ou, pelo menos, quase tudo. O valor dominante era o do progresso, algo muito desejado e valorizado pelas elites, que dele faziam o esteio de uma visão de mundo triunfante e otimista.


Alterações de cotidiano sofridas pela população, incluindo mudanças de vestuário, transporte e habitação, são questões que se tornam bastante evidentes, além  das transformações na infraestrutura do espaço como um todo, o qual modifica-se de forma contínua. Para perceber isso, basta observar, a partir de uma fotografia antiga, a maneira com que certos locais foram deixando de ser frequentados pela população, ou a forma como antigas construções foram sendo derrubadas para darem lugar a prédios modernos. São mudanças que acarretam na perda de valores históricos para uma geração que, muitas vezes, só consegue revivê-los mediante o acesso a imagens produzidas naquele período.


As fotografias ainda preservadas são imagens que sobreviveram além daqueles que as produziram e as apreciaram. Um dia já foram memória presente, próxima àqueles que as possuíam, e as guardavam como lembranças.


A fotografia familiar passa a estar presente em São Leopoldo também no último quarto de século XIX, fazendo parte da vida das pessoas, numa época em que se tornou mais acessível. Num primeiro momento, o registro fotográfico ficava restrito a membros de famílias com maior poder aquisitivo, pelo alto custo da fotografia, e até porque quase inexistiam fotógrafos fora das áreas urbanas.



Conforme listagem de profissões do ano de 1920, fornecida pelo Intendente Leopoldo Petry, atuavam dentro do município de São Leopoldo os seguintes fotógrafos profissionais, estabelecidos com ateliês nas respectivas localidades:

Germano Stumpf...................................São Leopoldo

Pedro Muck......................................…..Novo Hamburgo

Luiz Witmann.......................................Bom Jardim

Christiano Prass...................................Dois Irmão


Sabemos que existiam outros fotógrafos atuando na época. Alguns deles certamente eram fotógrafos amadores, não possuindo um ateliê em funcionamento, dessa forma não constando na lista de Petry.


Entretanto, o fotógrafo amador, mesmo realizando essa atividade por hobby, em muitos casos estava no local oportuno para capturar determinadas imagens, enquanto o fotógrafo profissional ficava mais restrito ao studio ou ateliê.


Quanto à qualidade fotográfica, ao retratar cenas do cotidiano, o fotógrafo amador podia apresentar uma fotografia tão boa quanto à do profissional. Tanto que as coleções de imagens fotográficas mais impactantes do início do século XX, retratando aspectos cotidianos da Colônia Alemã de São Leopoldo e arredores, foram protagonizadas por fotógrafos amadores. Possuíam muito amor pela sua arte, além da sensibilidade para capturar imagens no momento adequado.


Além da necessária sensibilidade no manuseio das lentes, o fotógrafo profissional também tinha que cuidar da administração do seu negócio, fazer propaganda do seu produto, elaborar fichas de clientes, prospectar oportunidades de vendas, além de fotografar.


Um conceituado fotógrafo que atuava profissionalmente na virada do século XIX para o século XX foi Otto Schönwald. Apesar de não ter seu studio fotográfico na cidade de São Leopoldo, visto que no ano de 1888 estava com estúdio na Rua Vigário José Inácio, no Centro de Porto Alegre, grande parte de seus trabalhos foram elaborados para clientes de São Leopoldo. Coleções do trabalho de Otto são encontradas no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.


Outro retratista profissional com trabalhos bastante sofisticados, geralmente encomendados e direcionados à elite de origem alemã porto-alegrense e leopoldense, foi Henrique Hugo Bernd, nascido em Novo Hamburgo, a 30 de março de 1891. Apesar de hamburguense, grande parte de sua trajetória profissional foi percorrida em Porto Alegre. Ainda assim, grande parte dos seus clientes eram de Novo Hamburgo e São Leopoldo. Era filho de Felipe Bernd e Guilhermina Gertrudes Wolffenbüttel.



Fonte: Histórias de São Leopoldo: dos povos originários às emancipações, de Felipe Kuhn Braun e Sandro Blume/ Pesquisa Bado Jacoby


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