3ª Parte
No mundo teuto-brasileiro, em relação à Igreja Evangélico-Luterana podemos pontuar diferentes cenários em diversos períodos. No primeiro desses períodos (1824- 1864) ocorre o ingresso de contingentes de imigrantes luteranos das mais diversas regiões e Estados alemães. Uma época caracterizada por comunidades e práticas autônomas, geralmente designada de pré-sinodal.
Por volta de 1860, o grau de desenvolvimento dessas comunidades começou a chamar a atenção de Estados europeus, como a Suíça e a Prússia, iniciando-se na Europa uma série de publicações sobre as “colônias alemãs” no Brasil. Em decorrência disso, a Sociedade Missionária de Basileia (Suíça) e a Igreja Evangélica da Prússia (Berlim) passariam a enviar missionários e pastores para atuar nessas colônias, que até então, majoritariamente, haviam escolhido seus pastores de dentro da própria comunidade. O ingresso de pastores provenientes dos diversos Estados alemães e da Suíça marcou nova fase na história dos luteranos que, sob sua orientação, constituiriam as primeiras estruturas eclesiásticas, geralmente designadas de sínodos (1868, 1886). Estas estruturas foram importantes veículos da reivindicação de direitos de cidadania para os luteranos. Mas nem tudo estava consolidado. Conflitos e dissidências se desenhavam no horizonte.
No ano de 1847, numeroso grupo de luteranos da Renânia, Prússia e Pomerânia, inconformados com a unificação de preceitos luteranos e calvinistas sob o mesmo manto, e liderados pelos seus pastores, emigraram para os Estados Unidos. Com a chegada desses alemães dissidentes religiosos, funda-se na América no Norte uma nova organização religiosa luterana denominada de Sínodo Evangélico Luterano de Missouri (Deutsche Evangelisch-Lutherische Synode von Missouri, Ohio und anderen Staaten). Com premissas declaradamente ligadas ao confessionismo luterano, principalmente a que negava a consubstanciação.
Por iniciativas de pastores como Hermann Borchard e Wilhelm Rotermund e de vários outros pastores que já serviam nas comunidades de imigrantes alemães, ocorre entre os dias 19 e 20 de maio de 1886 a fundação do Sínodo Rio-Grandense. O caráter do novo sínodo luterano era consonante com a Alemanha, unindo calvinistas e luteranos, o que levou o sínodo a adotar a Ceia do Senhor como simbólica.
Entretanto, nem todos comungavam desse processo de unificação do Luteranismo, e não concordavam com algumas questões doutrinárias. Entre as vozes dissidentes, após a fundação do Sínodo gaúcho, estava o pastor alemão de Novo Hamburgo, J. F. Brutschin, que chegou a solicitar seu desligamento da Igreja e, por consequência, do Sínodo Rio-Grandense, por não concordar com seu caráter doutrinário. Num segundo momento, Brutschin escreveria a seus colegas de seminário que residiam nos Estados Unidos, prospectando a possibilidade do envio de pastores confessionais do Sínodo norte-americano.
Dessa forma, a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) originou-se do trabalho promovido pelo Sínodo de Missouri, EUA, desde o princípio do século XX, buscando se inserir entre imigrantes germânicos e seus descendentes, principalmente no Sul e Sudeste do País. Com esse formato de prospecção, o Sínodo de Missouri buscou implantar um projeto escolar e religioso diferenciado, com uma formação doutrinária luterana ortodoxa, construindo aspectos identitários através da religião e escolarização. Aspectos étnicos, sociais e culturais relativos à presença desse grupo religioso minoritário foram historicamente marcantes para a elaboração dinâmica de uma identidade, que se refletiu em sua estruturação institucional, nas práticas missionárias, num suporte através do serviço diaconal e pedagógico.
Em relação ao projeto de organizar as comunidades evangélicas sob um Sínodo, aquilo que viria a ser mais tarde a IECLB, os objetivos se diferenciavam. Parece ser claro que o Sínodo de Missouri mantinha uma preocupação com a missão, em termos de qualidade doutrinária e ortodoxia. Estes fiéis precisavam ser educados e admoestados na fé da doutrina verdadeira. A educação, como se apontou, não era só conhecer a doutrina, mas, também, possuir modos de conduta desejáveis que coincidissem com os preceitos do Sínodo. Não importava para a instituição contar com um número pequeno de adeptos, era necessário que esses se adequassem à doutrina pregada pelo Sínodo. Nesse aspecto percebe-se uma característica que acaba sendo diferente da postura adotada pelo Sínodo Rio-Grandense, que fortalecia sua instituição de outro modo, buscava as comunidades e se adaptava num primeiro momento a sua realidade, para depois conseguir a adesão dos fiéis.
O Sínodo buscou diferenciar-se no conhecimento bíblico e na difusão de uma doutrina luterana pura, ou seja, alinhada com as proposições do Livro de Concórdia de Lutero. O projeto inicial nos Estados Unidos contemplou a formação de professores e pastores desde a fundação desta instituição. Como foi visto anteriormente, a preocupação do Sínodo de Missouri era fortalecer as bases doutrinárias a partir da fundação de igrejas e, junto com elas, escolas. Nessa perspectiva, havia uma necessidade clara de estabelecer uma diferenciação das demais organizações de cunho luterano no Brasil, como as igrejas independentes ou ligadas ao Sínodo Rio Grandense.
Retornando à Confissão Católica, encontramos o Carmelo de São Leopoldo, um recanto de paz e tranquilidade onde reina o silêncio, local onde as carmelitas213 passam seus dias em meio à clausura, entretanto sem aderir à ociosidade. A iniciativa de fundar o Carmelo de São Leopoldo foi do Carmelo de Porto Alegre, vista que havia um número relativamente grande de Irmãs por lá, ou seja, estava completo o número das Irmãs de Porto Alegre. Isso possibilitou a iniciativa de fundar outro Carmelo.
Uma das Irmãs, que era natural de São Leopoldo, informou o Bispo Dom Cláudio Ponce de Leão, que em São Leopoldo havia um terreno com uma Capela construída com a imagem de Nosso Senhor dos Passos, pertencente à Irmandade de Nosso Senhor dos Passos. O Bispo entrou em contato com o responsável, que ficou muito contente e falou com os membros da Irmandade. Todos entraram em acordo e fizeram a doação da Capela e do terreno, para as Irmãs Carmelitas. No dia 04 de janeiro de 1910, o trem da tarde trazia a bordo, para São Leopoldo, as três Irmãs Carmelitas: Madre Maria de São Luiz, Irmã Petronila e Irmã Inês.
A Primeira Missa foi celebrada no dia 06 de janeiro de 1910. Mais tarde veio de Porto Alegre a noviça Irmã Ângela, reforçar a comunidade. A pequena construção do Convento foi feita com a herança da Irmã Petronila, cuja família de São Leopoldo ajudou muito nos primeiros 40 anos.
Fonte: Histórias de São Leopoldo: dos povos originários às emancipações, de Felipe Kuhn Braun e Sandro Blume/ Pesquisa Bado Jacoby
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