A imigrante Helena Göllner sobreviveu ao ataque dos índios, onde todos os membros de sua família, com exceção de sua irmã mais nova, perderam a vida. O ataque no qual a família foi vítima, ainda é lembrado como um dos mais conhecidos ataques de índios nos idos da imigração alemã, juntamente com o ataque dos índios a família Versteg de São Vendelino.
As informações coletadas sobre Helena, consegui com três descendentes dela, o padre Edgar Heck de Gravataí, Maria Helena Heck Selbach de Feliz e Maria Lizeti Heck de São José do Hortêncio. O histórico de Helena foi passado de geração a geração de forma oral, escrito apenas pelo padre Edgar Heck.
Histórico de Helena Göllner
A história da família Göllner é uma das mais tristes histórias dos idos da colonização alemã no sul do Brasil. A família imigrou da Alemanha e se instalou na localidade de Roseiral, no interior do atual município de Linha Nova, no Vale do rio Caí. Próximo a uma das primeiras localidades fundada por alemães, São José do Hortêncio. Naquela época, a localidade era conhecida como Rosenthal e era ainda muito pouco povoada por europeus ou descendentes. Helena, seus pais Gaspar Göllner e Catharina Heller, seus irmãos menores e seu avô materno, moravam isolados e perto da mata.
Os relatos escritos e os descendentes contam que Helena foi buscar ovos no galinheiro, no meio da manhã do dia 16 de abril de 1832 e percebeu um grupo de índios se aproximando. Helena ficou escondia ali e tratou de ficar quieta. Os moradores da casa ainda tentaram fechar as portas e janelas, mas não conseguiram impedir a entrada dos índios, que estavam armados.
O primeiro a morrer foi o pai de Helena, que segurava a porta da frente da casa, tentando impedir a invasão. Ele se chamava Gaspar e chegou a São Leopoldo, com a família, em 18 de março de 1829. Logo em seguida foi morto o avô da menina, um veterano das guerras napoleônicas que era cego. A mãe tentou fugir carregando no colo a filha mais nova, com apenas um mês de vida. Mas ela foi perseguida e morta pelos índios.
Helena ainda perdeu dois irmãos mortos pelos índios, um deles foi levado para fora e erguido pelas pernas. O índio girou o menino para o alto e arremessou seu corpo contra uma pedra. Helena ficou escondida no galinheiro até que os índios foram embora. Por baixo do corpo da mãe, ela encontrou a irmã mais nova ainda viva. Pegou a criança e caminhou, durante dois dias, pelo meio do mato, até chegar em São José do Hortêncio. Segundo os relatos da época, Helena apareceu desnutrida e em estado de choque.
Os colonos de Hortêncio organizaram um grupo que se dirigiu até o local da tragédia e providenciou o enterro das seis vítimas num local próximo à casa. O local permanece até hoje como foi deixado, não se sabe se os corpos foram enterrados em uma vala comum ou em valas separadas, mas se tem certeza de onde foram sepultados, pois, os colonos sinalizaram o local do enterro das vítimas com um círculo de pedras.
O ponto originou o nome de um curso d’água que passa a 200 metros do local, conhecido até hoje como arroio sepultura. Helena foi adotada por uma família de São José do Hortêncio e ainda jovem casou com Johann Peter Heck, imigrante nascido em Dickenschied, três anos mais velho que Helena, que chegou ao Brasil no ano de 1827. O casal teve cinco filhos: Isabel, Pedro, Jorge, Regina e Barbara Heck. Helena faleceu com 87 anos em cinco de julho de 1909. O destino da irmã de Helena, que foi adotada por outra família da região, é desconhecido até os dias de hoje.
Colaboração: Felipe Kunh Braun, Jornalista e Historiador
Apoio cultural
Comments