Somos, diariamente, impactados por manchetes nos principais veículos de comunicação do país sobre as consequências negativas das apostas esportivas no bolso da população brasileira. E, mais do que nunca, é preciso falar abertamente sobre o tema. Diversas pesquisas e estudos mostram que essas atividades reduzem significativamente valores depositados em poupança, em especial, entre as famílias que menos condição têm de guardar dinheiro. O aumento das dívidas no simples desejo - e também na ilusão - de que as apostas trarão ganhos reais, é uma dura realidade entre os brasileiros.
O ato de apostar é um perigoso gatilho para comportamentos de risco, levando a um ciclo vicioso de perdas e novas apostas na tentativa de recuperar o pouco (ou muito) do que foi perdido. Dessa triste história, o fim é um só: comprometimento financeiro, que pode levar a tensões e conflitos familiares, afetando negativamente a dinâmica e a estabilidade do lar. Além do mais, muitos brasileiros entendem o exercício de apostar como uma forma de investimento, porém, acabam comprometendo o orçamento sem obter o retorno esperado. Nesse movimento impensado, produtos de primeira necessidade são trocados por tentativas, sempre frustradas, de ganhos rápidos.
Nesse cenário que se mostra sombrio para grande parte da população, tentar a sorte ganha novo significado nos tempos atuais. O que precisa ser debatido e combatido é o empobrecimento e o endividamento do brasileiro por meio da falta de informação a respeito das consequências de decisões incorretas, escondidas sob o sedutor e inofensivo véu do entretenimento. Alguém sempre ganha, e nunca é o cidadão. É neste ponto que entra a questão da educação financeira, isto é, saber lidar com seu dinheiro. Neste sentido, se fazem urgentes políticas públicas que ofereça ferramentas assertivas de orientação e do incentivo de atitudes conscientes em relação ao dinheiro e ao crédito para uma vida financeira mais sustentável.
Márcio Port é presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste.
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