O último telefonema que Marcelo Antônio Kronemberger, de 53 anos, fez para sua esposa, Sandra Rocha, de 51 anos, aconteceu minutos antes de uma avalanche de lama e pedras destruir a casa em que ele morava no morro do Caxambu, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, na última terça-feira (15). O corpo de Marcelo foi encontrado nos escombros próximo ao de seu irmão, Luiz Antônio Kronemberger, de 59 anos.
“Ele começou a gritar ‘depois te ligo! Depois te ligo! Vou ter que desligar’, e saiu correndo. Eu tentei ligar de volta, mas já não atendia mais”, lembra Sandra, que estava com a mãe na parte baixa do bairro.
Cerca de 15 minutos depois, ela recebeu a notícia de um conhecido: “A casa do Marcelo desabou. A rua toda veio abaixo.”
“Ele (Marcelo) tava me falando pra eu não sair de onde eu tava, que tava perigoso. Gravou um vídeo pra me mostrar que descia muita água no morro, que ele tava preocupado. Aí logo depois aconteceu isso”, lembra.
Cristina da Rocha, irmã de Sandra, contou que momentos antes do desastre, o casal conversava justamente sobre se mudar dali.
“Eles estavam juntando um dinheiro pra construir uma casa ali mesmo. No dia da chuva, ele fez um vídeo pra mostrar a situação e ela ficou com medo. Ela disse: ‘não vamos ficar aí não. Vamos pegar esse dinheiro e comprar um terreninho em outro lugar’. Mas não deu tempo”, lamentou a irmã.
Márcio Kronemberger diz ainda que, apesar de soterrado, o telefone do irmão Marcelo continuou recebendo ligações até às 23h de terça-feira, o que alimentava a esperança da família. “A gente ainda tinha esperança que ele tivesse conseguido sair, que ele atendesse o telefone. Mas infelizmente não foi o que aconteceu”, conta.
Morte trágica
Sandra conta que a pior parte dessa situação foi a forma como o marido morreu. Ela diz que, por ter sido uma morte trágica e agressiva, aumenta ainda mais a dor do luto.
“Se ele tivesse adoecido e morrido, acho que não seria tão ruim. Mas a forma como ele morreu, soterrado em um deslizamento, me dói muito. Eu fico muito triste”.
Sandra e Marcelo estavam juntos há 25 anos, mas moravam em casas separaras por conta do trabalho. Os planos do casal era construir um lar onde pudessem morar juntos em breve.
“Eu ficava na minha mãe por causa da confecção [de roupas], e ia pra casa dele no final de semana ou ele ia pra minha. A gente morava perto, mas ia morar junto em breve. Agora, o que é que eu tenho?”
Fonte: G1
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