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Mais um Março – Comemorar (re)conquistas e seguir Lutando - Artigo de Angelita Rosa

Mais um Março – Comemorar (re)conquistas e seguir Lutando


Uma Sociedade que ainda teme a autonomia e independência feminina precisa de uma boa autocrítica sobre como as pessoas, especialmente, os homens não conseguem se despir do passado e encarar o presente e o futuro de forma diversa, vislumbrando que, sim, a sociedade se tornará um lugar melhor para todos quando tivermos, de fato e de direito, Igualdade entre mulheres e homens.


Em mais um mês de Março, tempo em que fazemos um balanço social sobre o quanto evoluímos e o quanto ainda precisamos evoluir para termos igualdade de direitos entre mulheres e homens, importa refletir sobre o por que ainda temos tantas vozes contrárias ao feminismo e por que ainda é tão difícil para homens e, também, para as mulheres conviverem e aceitarem mulheres independentes e que lutam por seus direitos.


Na teoria, a maioria das pessoas enaltece mulheres independentes, seguras, sexualmente bem resolvidas e que exigem respeito por suas escolhas. Na prática, esta mesma maioria a consideram intimidadoras, agressivas e difíceis de lidar. O fato é que a autonomia feminina assusta e não é pouco.


O machismo estrutural é tão perverso que nossos esquemas mentais estão programados para combater aquilo que nos traz liberdade para tudo, inclusive, para sermos feministas. Antes do surgimento do Movimento Feminista, a sociedade patriarcal fazia-nos acreditar que éramos objetos, um pertence do pai e depois do marido, que não possuíamos capacidade profissional. Nosso papel social era coadjuvante e restrito ao cenário doméstico, situação que só mudou porque fomos colocadas no mercado de trabalho pela mão da necessidade econômica.


Nós, Mulheres, sofreremos desgastes físicos e mentais com duplas, ou triplas jornadas exaustivas para conciliar a vida profissional, a vida doméstica e, para as mais audaciosas, ainda pode ter o estudo. Com isso, nos tornamos enfraquecidas nas disputas profissionais com os homens que, normalmente, estão isentos das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos.


A partir disso, é como se a voz oculta da sociedade gritasse todos os dias: “quiseram desbravar o mundo, disputar o mercado de trabalho com os homens, agora aguentem. Terão que dar conta de tudo!” Porém, gritamos de volta: chega! Não aceitamos mais isso!


Avançamos, é verdade, mas alguns de nossos gatilhos sociais ainda funcionam assim, reproduzindo condutas que colocam mulheres em situação de subserviência de diversas formas justamente por conta do combate ao Feminismo feito explícita e implicitamente diariamente em todos os meios sociais e de forma incansável.


Via de regra, os homens buscam relacionamentos com mulheres independentes e autossuficientes, mas têm dificuldades de manejar seus sentimentos de frustração e suas crises de masculinidade frente à nova configuração dos relacionamentos onde a mulher não é mais subserviente. E isso também se dá nas relações de trabalho.


O fato é que a maioria da atual geração de mulheres foram e seguem sendo educadas para estudarem, se profissionalizarem e serem independentes, mas grande parte da sociedade, seja na relação doméstica, ou de trabalho, segue exigindo dessas mesmas mulheres comportamentos ultrapassados e não condizentes com a dinâmica social atual.


Em função desta estrutura patriarcal, a sociedade atua de forma discriminatória, exigindo mais das mulheres do que dos homens para a entrada na mesma vaga no mercado de trabalho, julga as que são feministas e as que não são também e precisamos provar mil vezes que somos tão boas quanto um homem quando nos propomos a realizar tarefas e trabalhos dominados pelo universo masculino.


É preciso que tenhamos convicção de que foi o Feminismo que construiu condições para votarmos, termos profissões e termos opinião, mas é preciso mais... Precisamos que a sociedade esteja convicta que só a igualdade de direitos com respeito às diferenças tornará nosso tempo melhor de se viver e conviver.


É por conta do machismo e não do Feminismo que as mulheres são agredidas física e psicologicamente todos os dias. O machismo mata mulheres! O Feminismo não!


Por mais que mulheres ainda continuem sendo caladas, discriminadas, violentadas, agredidas e mortas nada calará o Feminismo e justamente por isso ele é tão assustador e ameaçador ao patriarcado.


No Brasil, nos últimos quatro anos, vivemos um período obscuro de muitos retrocessos em relação aos Direitos das Mulheres, mas em 2023 voltamos aos trilhos. Foi recriado o Ministério das Mulheres e estamos retomando as políticas públicas voltadas para o avanço da promoção da igualdade entre mulheres e homens. Isso já nos dá um grande motivo para comemorar neste dia 8 de março, lembrando sempre de tantas bravas lutadoras Feministas que nos antecederam ao longo da História. Por elas, por nós e pelas próximas que virão queremos mais e seguiremos lutando.


Angelita Rosa, é advogada e Procuradora Geral do Munícipio de São Leopoldo

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