Hoje, se estivesse vivo, Leonel de Moura Brizola completaria 101 anos. É uma pena não termos avanços significativos em biotecnologia a ponto de prolongar vidas por mais 20 ou 30 anos. Imagine você se Brizola estivesse vivo em 2023? Mesmo centenário, diante de tamanha barbárie, seria a razão indignada diante do neofascismo. Brizola diria no mínimo a estes falsos nacionalistas que lhes faltou escola, primeiro pela falta de consciência social e depois pela crença em valores tão distantes da igualdade e da fraternidade.
Enquanto no meio político alguns soldados rasos tentam desacreditar o trabalhismo como algo ultrapassado, paradoxalmente, para nós, herdeiros de Brizola, nossos princípios, bases e diretrizes, partidárias e ideológicas, ainda fazem muito sentido. Engana-se quem pensa que o brizolismo está entranhado no PDT. Tem um pouquinho de Brizola em cada social-democrata deste país. Pois onde há senso de justiça social presente, há também a mão firme do homem que maior obstinação teve pela emancipação do povo brasileiro.
Era na educação que ele acreditava. O verde e o amarelo corriam em suas veias. A maior tristeza da sua vida foi viver como um apátrida, forçadamente, pelos canalhas que deram o golpe e volta e meia emergem dos esgotos. Ninguém me tira da cabeça que se não fosse pela interrupção abrupta da sua carreira política, em 1964, Brizola seria o maior personagem da história política desse país. Teria sido presidente. O homem com coragem de sobra para realizar as reformas de base que nos colocaria em outro patamar.
Nesta vida, eu não tive a oportunidade de estar frente à frente com este grande líder, mas convivo com Brizola em meus pensamentos. Costumo vê-lo como um grande amigo, cultivo afeto pela sua figura, sou um estudioso da sua biografia e acredito na sua maneira de ver o Brasil e o mundo. Nada poderia ser tão atual como o que ele já dizia ao longo da vida.
"A política ama a traição e odeia o traidor".
"A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados".
"Uma criança só pode aprender quando se nutre, come, e não quando está cheia de parasitas".
"Devemos fazer o desenvolvimento para o homem e não condicionar o homem à sua prática. A grande revolução a que aspiramos, a qual, ao nosso entender, precede a do próprio progresso econômico, é a educação do povo. Uma revolução que liberte o povo do analfabetismo e da ignorância".
"Se os evangélicos entrarem na política, o Brasil irá para o fundo do poço, o país retrocederá vergonhosamente e matarão em nome de Deus".
"Divididos, sempre seremos degraus para a direita subir".
"Educação não é cara, cara é a ignorância ".
"Nossos caminhos são pacíficos, nossos métodos democráticos, mas se nos intentam impedir só Deus sabe nossa obstinação ".
"A propriedade privada é tão boa que a queremos para todos".
Como isso tudo ainda faz sentido!
Chico Júnior, é jornalista, especialista em Comunicação Corporativa e Ciência Política
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