PORTO ALEGRE: na rivalidade mais do que centenária do Gre-Nal, o de número 434, válido pela 30ª rodada do Brasileirão, pode entrar na história como um símbolo do terceiro rebaixamento tricolor. Um gol de Taison aos 38 minutos do primeiro tempo deu a vitória ao Inter e deixou o Grêmio afundado no Z-4. Ao final do domingo (7), pode acabar a 10 pontos do 16º com mais nove jogos a fazer. A festa da torcida colorada, que voltou ao clássico após um ano e oito meses, foi total no clássico sem tricolores.
Uma hora antes do jogo, a divulgação das escalações confirmou as especulações da semana. O Inter, que teve todos os dias para treinar e recuperar, contou com as voltas de Moisés, Dourado, Patrick, Taison e Yuri Alberto. Com a impossibilidade de Daniel, Marcelo Lomba foi mantido no gol. O Grêmio repetiu quase todo o time que havia iniciado a partida de quarta-feira passada. A única mudança foi o retorno de Kannemann, para formar dupla com Geromel. Campaz ficou no banco.
Era possível sentir a tensão praticamente no ar no Beira-Rio. O começo da partida teve duas faltas nos dois primeiros combates, uma de Cortez sobre Saravia, outra de Moisés sobre Ferreira. Apesar do nervosismo natural do clássico, o Inter tentou aplicar seu estilo de marcação no campo de ataque. Foi assim que assustou aos quatro minutos. Uma trapalhada de Chapecó quase virou chance para o Inter. Yuri dividiu com o goleiro, ficou com a bola, mas não conseguiu concluir. O centroavante voltou a criar perigo aos 10. Arrancou pela esquerda, conduziu, entrou na área e bateu, já acossado por Lucas Silva, na rede pelo lado de fora.
A resposta do Grêmio veio no minuto seguinte. Após uma trama pela direita, Villasanti ficou em boa condição para definir a jogada. Optou pelo cruzamento e Saravia, na hora certa, apareceu para cortar. Pouco depois, em um escanteio, a defesa colorada afastou e, no bolo, Moisés demorou a deixar a área. Lomba saiu para afastar e só após duas tentativas a zaga, enfim, tirou o perigo.
O Gre-Nal, na sequência, virou um jogo de meio-campo. Gritos, apenas, para lances que mereceram cartões amarelos. Villasanti levou por atrapalhar uma cobrança de falta do Inter, Saravia, por fazer falta em Ferreira. O argentino, aliás, sofria com os ataques gremistas por seu lado e precisava sempre de cobertura.
Quem também passava enorme trabalho era Kannemann. Para conter Yuri Alberto, abandonava qualquer possibilidade de acompanhar na velocidade e apelava para segurar pela camisa ou empurrar. Quando não conseguiu, Geromel precisou intervir. Em um ataque de dois contra dois, Taison ia deixando o zagueiro para trás quando foi derrubado na entrada da área. Falta e cartão. A cobrança de Cuesta ficou na barreira.
Pouco ocorria no campo, havia uma clara orientação de evitar que o adversário progredisse. Então o primeiro tempo se arrastava entre faltas, bolinhos de atletas e jogadores caídos. Até os 38 minutos.
Edenilson teve liberdade pela intermediária. Avançou, com tempo para pensar, levar e cruzar. A bola foi teleguiada no segundo pau. Taison apareceu sozinho, por trás de todo mundo, e, de cabeça, venceu Chapecó. Inter 1 a 0.
O gol explodiu o Beira-Rio. A festa dos colorados se estendeu para o gramado. Aos 45, o Inter perdeu um gol inexplicável. Dourado tocou para Edenilson, que fez um giro de pivô em Geromel, bateu cruzado e Patrick, a um metro do gol, entrou de carrinho para completar. A bola deu na trave e saiu. Sendo assim, o primeiro tempo terminou com vantagem colorada, mas poderia ter sido maior.
Apesar de estar ganhando, Aguirre mexeu no time. Com cartão amarelo, Saravia deu lugar a Mercado.
O primeiro momento de agito no segundo tempo foi, mais uma vez, um enrosco de Rafinha com um gandula. Houve gritaria e empurra-empurra, mas Marcelo de Lima Henrique administrou sem punições.
Mas emoção, mesmo, teve aos sete minutos. Lucas Silva recebeu na intermediária e arriscou. Lomba defendeu, a bola deu no travessão e ficou para o goleiro.
O contra-ataque que o Inter tanto gosta apareceu aos 10 minutos. Douglas Costa errou um passe e deu de presente para Taison. O autor do primeiro gol do clássico arrancou, ao lado de Yuri Alberto. Ele serviu o centroavante, que talvez tenha hesitado entre passar a Edenilson e chutar. Perdeu tempo, driblou Geromel mas bateu mal.
Foi a última participação de Taison, que, descontado, deu lugar a Mauricio. Mancini também mexeu em seu time, imediatamente. Trocou os centroavantes, Borja por Diego Souza, e o paraguaio Villasanti pelo colombiano Campaz.
Diego Souza estava envolvido em uma chance viva do Grêmio. Douglas Costa, pela direita, cruzou com efeito. O centroavante atrapalhou os zagueiros e Ferreira, sozinho, não conseguiu desviar a bola, que bateu em Lomba e saiu, bem devagar, a centímetros da trave.
A situação do Grêmio, a vantagem do Inter ou a tradicional situação que faz recuar o time que está ganhando colocou os tricolores dentro do campo colorado. O time de Mancini pressionava, forçava pelos lados do campo, cruzava. A defesa colorada até então estava atenta, mas faltava o contragolpe que Aguirre tanto gosta.
Tentando ser mais contundente, Mancini tirou Ferreira, que foi neutralizado por Mercado, e colocou Alisson. Na sequência, fez suas últimas trocas: sacou Lucas Silva e Rafinha, mandou a campo Jean Pyerre e Vanderson.
Na primeira jogada do lateral, ele tabelou com Diego Souza, entrou na área e, na hora de concluir, foi pressionado por Lindoso. Lomba, muito atento, fez grande intervenção.
Aos 38, mais uma vez, o Inter deixou de matar. Yuri Alberto escorou de calcanhar para Patrick, que conduziu para o meio e passou para Edenilson. De primeira, o camisa 8 chutou, mas por cima do travessão.
Houve luta do Grêmio e controle do Inter até o final. O Gre-Nal foi colorado, e o sofrimento tricolor aumenta a cada dia.
Após o encerramento, jogadores do Inter comemoram como se fosse título. Patrick pegou caixões feitos por torcedores. Atletas gremistas, puxados por Rafinha, correram e partiram para a briga.
INTER (1) Marcelo Lomba; Saravia (Mercado, int.), Bruno Méndez, Víctor Cuesta e Moisés; Rodrigo Lindoso e Rodrigo Dourado; Edenilson, Taison (Maurício, 13’/2ºT) e Patrick; Yuri Alberto. Técnico: Diego Aguirre
GRÊMIO (0) Gabriel Chapecó; Rafinha (Vanderson, 32’/2ºT), Geromel, Kannemann e Cortez; Thiago Santos; Douglas Costa, Villasanti (Campaz, 15’/2ºT), Lucas Silva (Jean Pyerre, 32’/2ºT) e Ferreira (Alisson, 29’/2ºT); Borja (Diego Souza, 15’/2ºT). Técnico: Vagner Mancini
GOL: Taison (I), aos 39min do 1º tempo. CARTÕES AMARELOS: Saravia, Moisés (I); Villasanti, Geromel, Thiago Santos (G). CARTÕES VERMELHOS: Cortez (G) e Patrick (I). ARBITRAGEM: Marcelo de Lima Henrique (RJ), auxiliado por Eduardo Gonçalves da Cruz (MS) e Márcia Bezerra Lopes Caetano (RO). VAR: Rodrigo Carvalhaes de Miranda (RJ). LOCAL: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS).
Fonte: GZH
Comments