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Governo quer rebaixar Covid-19 à endemia; entenda o que muda


Imagem: Sérgio Lima/AFP

No mesmo dia em que confirmou dois casos da deltacron no país, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para discutir a possibilidade do país flexibilizar o estado de emergência sanitária e rebaixar a covid-19 à situação de endemia.


O chefe da pasta da Saúde afirmou no começo de março que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha "pedido um olhar especial" sobre o assunto. O chefe do Executivo é contrário às medidas restritivas.


"Diante da sinalização, manifestei ao ministro preocupação com a nova onda do vírus, vista nos últimos dias na China. Mas me comprometi a levar a discussão aos líderes do Senado", publicou o presidente do Senado em sua rede social.


Na semana passada, Queiroga já tinha se encontrado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do mesmo assunto. Na sexta-feira, ele deve se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, para discutir a mudança.


A alteração fará com que a covid-19 não seja mais tratada como uma emergência de saúde, fazendo com que medidas de combate à doença, como o uso de máscaras, percam a validade.


Se a pandemia for rebaixada à endemia no país, essa será uma decisão única no contexto mundial. Por isso, não há consenso entre os especialistas. "Antes de tudo, é preciso esclarecer que uma pandemia é um fenômeno mundial, portanto não cabe a um país isoladamente decretar seu fim. Para isso, é necessário que os países estejam preparados para um novo modelo de atuação. A tuberculose, por exemplo, é uma endemia, e isso significa que essa doença tem formas de diagnóstico e tratamento disponíveis para toda a população. No caso da covid-19, é necessário que cada posto de saúde, ambulatório e hospital passe a tratar a doença como uma rotina", comentou o pesquisador Christovam Barcellos, do Observatório Covid-19 Fiocruz.


O ponto ressaltado por Werciley Júnior, infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, é de que a mudança de status não significa alteração da gravidade da doença. "A sensação que temos ao falar de endemia é acharmos que isso é muito frágil ou insignificante. Não quer dizer isso, inclusive, pode ser mais difícil (ao se tornar endemia) porque não conseguiu eliminar isso e vai ter que conviver pelo resto dos tempos", comparou.


Fonte: Correio Braziliense

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