Um ginecologista é acusado de abusar sexualmente de pacientes no interior do Estado. Cairo Barbosa é réu por violação sexual mediante fraude. Conforme o Ministério Público, quatro mulheres relatam o mesmo tipo de conduta por parte do médico. Os crimes teriam acontecido em diferentes anos. A denúncia foi enviada no dia 13 e aceita pela Justiça no dia 17 deste mês.
Barbosa, um dos mais antigos profissionais de Canguçu, no sul do RS, teria cometido o abuso durante as consultas. Segundo o MP, nos relatos, as mulheres contaram que o profissional, sem luvas, passou a mão em partes íntimas das vítimas alegando que aquilo fazia parte do exame.
— Ele justificava que elas precisavam se lubrificar para o exame. Muitas eram gestantes. Era uma fragilidade absoluta. A figura do médico no Interior, em cidades pequenas, por si só já é respeitada, tem uma autoridade. E tem todo o tabu, vergonha, de serem julgadas e expostas. Ele não fazia isso com todas as clientes, provavelmente identificava as mais frágeis. Há pacientes que certamente gostam do atendimento dele, pois não passaram por isso — diz a promotora Luana Rocha Ribeiro.
A investigação na Polícia Civil se iniciou em 2020. Três mulheres procuraram a delegacia com relatos semelhantes de abusos que teriam sido cometidos pelo mesmo profissional, entre 2012 e 2017. A polícia chegou a pedir a prisão do médico logo após tomar conhecimento dos casos, o que foi negado pela Justiça.
Em setembro de 2020, o delegado César Nogueira assumiu a delegacia de Canguçu, quando o inquérito ainda estava em andamento, ouviu novas testemunhas e decidiu indiciar o médico por violação sexual mediante fraude.
— Ao final, ele não fazia coleta nenhuma de material e, simplesmente, segundo as denúncias, só saciava sua lascívia, só sentia prazer em cometer esse crime — declarou o delegado.
Ainda segundo Nogueira, os relatos são de que depois do fato Barbosa chamava uma secretária para que ela seguisse com o exame. A polícia entendeu que a secretária não tinha envolvimento com o crime e, por isso, não a indiciou.
— Ela nunca esteve na sala do médico quando ele praticava essas condutas. Ela ficava na antessala, na secretaria, e só depois era chamada. Não participava — disse o delegado.
A similaridade entre os fatos contados serviu como prova para a polícia de que conduta do médico seria reiterada.
A história foi revelada na quarta-feira (26) em uma reportagem do site Canguçu Online. Ainda na quarta, outras três vítimas procuraram a polícia com relatos semelhantes, encorajadas após ver que outras mulheres tomaram a inciativa.
— É sempre assim. Muitas mais aparecerão. Já tínhamos notícia de que havia outras vítimas, mas agora certamente outras virão à delegacia contando o que passaram — concluiu o delegado.
Em nota, o advogado do médico informa:
"As acusações são bem graves. Não existe prova da ocorrência. A defesa que foi apresentada nesta quarta-feira, no processo, já traz em caráter preliminar fortes elementos da inocência do nosso cliente. Os fatos são inexistentes. Uma das exigências do doutor Cairo é que o processo tramite o mais rápido possível para que a verdade se estabeleça".
Fonte: GaúchaZH
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