O capitão reformado do Exército e ex-vereador de Porto Alegre José Wilson da Silva, de 89 anos, foi morto a tiros dentro de casa, na madrugada de sexta-feira (10), conforme a Polícia Civil. O político era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e presidente da Associação dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Rio Grande do Sul.
De acordo com o delegado Eibert Moreira, diretor da Delegacia Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o crime aconteceu por volta das 2h30 na residência em que Silva morava com a esposa, na Rua Paissandu, no bairro Partenon.
A esposa dele contou para a polícia que ouviu pessoas tentando abrir a porta da frente do imóvel, razão pela qual avisou o marido, que se armou com um facão e desceu do segundo piso para verificar o que estava acontecendo.
Logo que chegou ao primeiro andar, se deparou com duas pessoas. Uma delas atirou duas vezes contra ele com uma arma de fogo, atingindo a região do abdômen. Em seguida, os homens fugiram.
"Trabalhamos com a hipótese de homicídio. Não descartamos que possa ter havido uma tentativa de roubo, mas a investigação indica que a possibilidade mais forte é a primeira. Não podemos divulgar detalhes, pois isso pode atrapalhar a investigação, mas não há sinais de arrombamento, por exemplo", diz Moreira.
Memória
Em publicação nas redes sociais, o Comitê Estadual do PCdoB lamentou a morte de Wilson, conhecido como "Tenente Vermelho". Segundo o partido, o militar foi vereador entre 2 de janeiro e 1º de abril de 1964, quando ocorreu o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart. O político se exilou no Uruguai, convivendo com nomes como Goulart, o ex-governador de RS e RJ Leonel Brizola e o antropólogo Darcy Ribeiro.
"Cobramos das autoridades policiais e judiciárias o mais rápido e cabal esclarecimento das circunstâncias que levaram a esse terrível crime", escreveu o partido em nota (leia a íntegra abaixo).
José Wilson da Silva também escreveu o livro "O Tenente Vermelho", em que narra a campanha da Legalidade, que garantiu a posse de Goulart após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, e o golpe de 1964.
Políticos e ativistas lamentaram a morte de José Wilson da Silva nas redes sociais. A deputada federal Maria do Rosário (PT) classificou o ex-vereador como "grande brasileiro, militar comprometido com seu país e com biografia histórica para o Brasil e para o RS".
"Querido e revolucionário camarada José Wilson da Silva, para sempre presente em nossas memórias e corações", escreveu a ex-vereadora Jussara Cony (PCdoB), nas redes sociais.
Confira a Nota do Partido:
CAPITÃO JOSÉ WILSON DA SILVA: PRESENTE, AGORA E SEMPRE!
Na madrugada do dia 10 de dezembro, foi assassinado a tiros, na sua residência, em Porto Alegre, o Capitão reformado do Exército José Wilson da Silva – o “Tenente Vermelho” – que nesta segunda-feira completaria 90 anos de idade.
José Wilson foi vereador de Porto Alegre, de 2 de janeiro a 1º de abril de 1964, quando ocorreu o golpe militar.
Depois de fracassarem todas as tentativas de resistência ao golpe, Wilson exilou-se no Uruguai, onde conviveu com o ex-presidente João Goulart, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Aldo Arantes, Betinho e outras lideranças políticas e sociais, perseguidas pela ditadura, tendo participado ativamente da luta contra o regime dos generais.
Atualmente, José Wilson era o Presidente da AEPPP-RS (Associação dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Rio Grande do Sul) e da AMPLA (Associação de Defesa dos Direitos e Pró-Anistia dos Atingidos por Atos Institucionais), liderança reconhecida nacionalmente, sempre presente nas atividades em defesa da Anistia.
Apesar de sua avançada idade, Wilson era um ativo militante do PCdoB do Rio Grande do Sul, atuante nas redes, assíduo nas atividades partidárias e presente nos mais variados atos em defesa do Brasil, da democracia e dos direitos do povo.
O PCdoB inclina suas bandeiras de luta em homenagem a esse grande patriota, que teve toda a sua vida dedicada à liberdade, ao Brasil e ao seu povo!
O seu exemplo frutificará nas nossas lutas e vitórias contra toda forma de opressão e exploração!
Cobramos das autoridades policiais e judiciárias o mais rápido e cabal esclarecimento das circunstâncias que levaram a esse terrível crime.
Porto Alegre, 10 de dezembro de 2021
Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil
Fonte: G1
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