Para quem não sabe: houve uma vez uma pátria que as crianças aprendiam a amar e idolatrar desde o primeiro dia na escola. Hasteava-se a bandeira, diante todos os alunos perfilados, cantando o hino nacional e acompanhando com os olhos atentos o pendão verde e amarelo, que se alçava na direção do céu azul.
Havia uma data em que a pátria era cultuada com orgulho. Desfilar nas ruas principais da cidade, recebendo aplausos e marchando como valentes soldados, exigia muitos dias de treinamento. Ouvia-se então o rufar de tambores em todos os cantos da cidade no tempo que precedia o auge do culto à pátria.
Espetáculos à parte, as bandas marciais dos colégios dirigidos por irmãos maristas mostravam o garbo e a disciplina, que era a base de uma educação fundada no comportamento reto e no esporte.
Mas, aos poucos, o Estado, menos ocupado com o amor à pátria do que com a política, foi alastrando seus tentáculos, e uma de suas primeiras vítimas foi a disciplina escolar, que sumiu, com a debandada dos irmãos maristas.
A educação, que era a base para a formação da personalidade, fundada na disciplina, foi transformada em “políticas” e ideologias pelos órgãos estatais, e a escola passou a ser sinônimo de desleixo, protestos, greves, qualquer coisa que a aproxime da ideia de indisciplina e caos.
O que era uma pátria, hoje é uma fonte de lucro para apátridas e lesas-pátrias. Aqueles, amealham riquezas à custa do trabalho dos pobres, ou metendo a mão na coisa pública, e guardam seus tesouros em paraísos fiscais de além mar. Esses, se valem dos impostos pagos por quem trabalha, para gozar privilégios pessoais em nome do poder que lhes dão funções políticas e cargos apadrinhados.
A pátria, que era amada e idolatrada, perdeu seu lugar na nova ordem de valores impostos pelas, assim chamadas, “políticas”. Apagou-se o “fogo simbólico” do amor à pátria. Agora, acima dela, está a “democracia”. Quem cultua a pátria e desfralda sua bandeira é, na visão dessas “políticas”, da “direita” e antidemocrata. E nos limites desse maniqueísmo, hoje se está escrevendo a história de um país que uma vez era, para todos, a sua pátria.
João Eichbaum, é escritor e cronista
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