DIREITO DE DUVIDAR
O jornalismo existe para transmitir a verdade, para fornecer aos cidadãos os conteúdos informativos de que necessitam para serem livres e se autogovernar. A informação é a base do conhecimento humano e o alicerce da civilização. Porém, neste 7 de abril, quando celebramos mais um Dia do Jornalista, a Associação Riograndense de Imprensa vem a público para conclamar leitores, ouvintes, telespectadores e usuários dos meios digitais a duvidar das notícias, das imagens, dos vídeos e dos áudios que proliferam no cotidiano dos brasileiros.
Pode parecer uma contradição com a história da entidade, mas temos bons motivos para semear a dúvida neste momento. Com a popularização das tecnologias da informação, especialmente com a rápida disseminação da inteligência artificial, percebe-se uma multiplicação preocupante de informações falsas, de imagens manipuladas, de montagens com potencial para ludibriar a percepção humana e dar caráter de autenticidade a publicações mentirosas e mal intencionadas. Como essa explosão de falsidades coincide com a proximidade de mais um processo eleitoral em nosso país, que ainda vive um clima de exacerbada polarização política, concluímos que a educação midiática passa a ser uma necessidade e uma urgência para os brasileiros.
E ela começa pelo exercício da dúvida, tema da campanha institucional que a ARI lançará no próximo dia 16. Duvide do que você vê, ouve e lê, principalmente nos meios digitais. Exercite o seu direito de duvidar e acrescente a ele a contextualização, a verificação e a investigação do que pode estar por trás de cada postagem.
Mas não fique com a dúvida. Faça comparativos, consulte fontes confiáveis, recorra ao jornalismo profissional, que também não é dono da verdade, mas a tem como referência e propósito. Jornalistas e veículos de comunicação dependem da própria credibilidade para se manterem atuantes. Também por isso, mas principalmente pela vocação original de trabalhar pela sociedade e pela democracia, seguem regras éticas, utilizam técnicas de apuração e procuram atuar com independência política e econômica.
Assim como defende o direito à dúvida, a ARI também pleiteia a volta da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo como garantia de qualidade na atividade de informar, pois acredita que profissionais bem preparados e comprometidos com os valores essenciais da profissão prestam melhor serviço para o público, principalmente no atual ambiente de desinformação e fantasias fraudulentas geradas pela revolução digital.
José Nunes, é jornalista e Presidente da Associação Riograndense de Imprensa
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