A Cápsula do Tempo que estava na base do monumento da Força Expedicionária Brasileira (FEB) desde 1946, na Praça Tiradentes, em São Leopoldo, foi reaberta na última sexta-feira (4), após 78 anos. O recipiente foi desenterrado no dia 17 de julho para a instalação do Monumento ao Bicentenário da Imigração Alemã e da cidade, mas os materiais foram mantidos no seu interior para serem preservados.
Durante a reabertura, o coordenador de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura e Relações Internacionais (Secult), Márcio Linck, explicou a situação da cápsula, que foi encontrada comprometida. "A tampa de alumínio tinha furos e, com isso, a água da cheia de maio entrou. Essa cápsula foi enterrada em 1946, durante as comemorações do Centenário do Vilamento de São Leopoldo", disse. Na época, o prefeito Carlos Souza Moraes decidiu colocar a cápsula como parte das celebrações.
Linck apresentou os itens encontrados na cápsula, incluindo jornais, moedas, mapa urbano da cidade na época, o convite e a ata do lançamento da pedra fundamental do monumento. Segundo o historiador, foi notado como os réis (moeda antiga brasileira) não estavam mais em circulação na época, e um dos jornais mais danificados foi o "Correio do Povo", que estava mais exposto e cobrindo os outros jornais. A cápsula guardava ainda as edições dos jornais Correio do Povo, Diário de Notícias (Porto Alegre), O Imparcial (São Leopoldo) e Correio de São Leopoldo. Os itens serão doados ao Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.
O titular da Secult, Marcel Frison, destacou a importância histórica do ato. "Abrir a Cápsula do Tempo era necessário. Isso une as comemorações do Bicentenário da Imigração Alemã com a cidade. Temos que pensar em uma nova cápsula, talvez colocando materiais impressos, mas precisamos discutir isso com calma, não sabemos como o futuro será", afirmou.
Também estava entre os itens salvos no material da cápsula, uma peça que remete a um adorno em formato de emblema, confeccionado com tecido com a imagem da cobra fumando, símbolo adotado pelos expedicionários e usado no uniforme dos soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Esse distintivo também estava presente em outros ornamentos, incluindo placas e símbolos do exército, feitos de materiais como cobre e bronze, junto ao monumento, que foram furtados ao longo do tempo. Em 1946, durante o Centenário do Vilamento de São Leopoldo, alguns municípios ainda pertenciam à cidade, tornando esse resgate histórico ainda mais relevante para toda a região do Vale do Rio dos Sinos.
Programa de Inauguração do Monumento à FEB em 27 de abril de 1946
O convite de inauguração do Monumento à FEB, que lutou na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, apresentava um programa previsto para o dia 27 de abril de 1946 (leia abaixo, grafia da época), também em recepção ao comandante da FEB, Marechal Mascarenhas de Morais, que esteve presente no ato de inauguração do obelisco na então Praça João Pessôa – hoje, Praça Tiradentes. Assinado pelo então prefeito Carlos de Souza Moraes; pelo tenente-coronel Pedro Marques da Costa, comandante da Guarnição Federal; e por Romeu Inácio de Vargas, presidente do Núcleo da Liga de Defesa Nacional, o cronograma pedia à população leopoldense que fosse feito o embandeiramento das residências e das casas comerciais com as cores da bandeira do Brasil.
9h – Cumprimentos das autoridades locais e outras pessoas “gradas” ao General Mascarenhas de Morais, no Esteio (cidade), onde será também homenageado.
9h30 – Honras militares prestadas a Sua Excelência enfrente aos Quarteis do III/2º R.A. Mixta e do 8º Batalhão de Caçadores e na Praça Góes Monteiro.
9h45 – Percurso pelas Ruas Lindolfo Collor, Independência e Getulio Vargas e Praça João Pessôa, por entre alas de colegiais e povo.
10h – Desfile dos colegiais, em homenagem a Sua Excelência (S.Excia), pela frente do Palácio Municipal.
10h15 – Lançamento da pedra fundamental do Monumento aos Expedicionários, na Praça João Pessôa.
10h45 – Recepção do govêrno municipal a S. Excia., no Palácio Municipal.
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