Contexto e convocação da primeira Cruzada
A cidade de Jerusalém estava sob o controle dos muçulmanos desde o ano 636, quando o califa Omar ibn al-Khattab havia conquistado a cidade dos bizantinos. No século XI, os países cristãos da Europa sofriam com a expansão dos reinos muçulmanos, tanto na Península Ibérica (região onde se localizam hoje Portugal e Espanha) quanto nas terras do Império Bizantino, onde os turcos eram a ameaça. Nesse contexto, começa a surgir na Igreja o interesse em reaver o controle da chamada Terra Santa.
Além disso, o controle dos turcos sobre a Palestina representava também uma maneira de repressão sobre os peregrinos cristãos. A peregrinação era algo muito comum naquele momento, pois era vista como uma maneira de perdão aos pecados, entretanto, a viagem para a Palestina (onde o Santo Sepulcro era o lugar mais visitado) era muito cara, uma vez que os peregrinos estavam sujeitos a todo tipo de ameaça, como naufrágios e saques, além de serem obrigados a pagar pedágios, dependendo da região em que estivessem.
Naquele contexto, uma série de fatores ajudam a explicar a convocação das Cruzadas. No caso da Igreja, especula-se que o papa Urbano II desejava canalizar a atenção dos cristãos para combater o “infiel” como uma maneira de reduzir os conflitos e disputas internas entre os próprios cristãos. Além disso, o auxílio aos bizantinos, que sofriam com os ataques dos turcos, poderia contribuir para a unificação da Igreja, separada em 1054 entre Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Apostólica Ortodoxa. Outros fatores eram ainda a possibilidade de as Cruzadas motivarem as pessoas por meio da promessa de salvação e remissão dos pecados e também pela chance de obter terras e riquezas a partir dos saques.
A convocação para as Cruzadas aconteceu em 25 de novembro de 1095, no Concílio de Clermont, pelo papa Urbano II que, em seus discursos, “prometeu que aqueles que se empenhassem nessa causa com um espírito de penitência teriam seus pecados pregressos perdoados e obteriam total remissão das penitências terrenas impostas pela Igreja”1. Percebemos, portanto, que a Igreja prometia a salvação a todos aqueles que lutassem na “defesa do cristianismo”. Nesse período, foi debatido pela Igreja o conceito de “Guerra Justa”, no qual se considerava como justa toda a defesa do cristianismo contra os muçulmanos, chamados de “infiéis”. Dessa forma, a Igreja dava o aval para seus seguidores lutarem (e matarem) em sua defesa.
Saldo das Cruzadas
Após a convocação das Cruzadas em 1095, somente em 1099 os exércitos cristãos, formados principalmente por soldados franceses, conseguiram realizar uma grande conquista: a tomada da cidade de Jerusalém. O cerco a essa cidade, iniciado em 7 de junho de 1099, terminou com grande violência, e um massacre foi realizado pelos exércitos cristãos. Jerusalém seria reconquistada quase um século depois, no ano de 1187, pelos exércitos de Saladino.
Ao longo dos anos, os cristãos foram perdendo todos os territórios que haviam conquistado durante suas expedições, e o saldo final das Cruzadas foi de derrota, com o último reduto dos cristãos, chamado Acre, conquistado em 1291 pelos mamelucos egípcios. As Cruzadas acabaram por aumentar as diferenças entre cristãos e muçulmanos, entretanto, contribuíram para um grande impulso comercial, que resultou em mudanças na Europa medieval, como o renascimento urbano e o uso da moeda.
FONTE: www.historiadomundo.com.br
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