Sessenta pessoas que trabalham com veículos de tração animal começaram a receber o auxílio financeiro de R$ 4,4 mil que a Prefeitura está concedendo para que eles possam viabilizar a substituição da fonte de renda familiar. Cartões de débito com carga inicial de R$ 2 mil foram entregues para quatro famílias, na manhã desta quarta-feira (27), no Salão Nobre da Prefeitura.
Os demais serão entregues na sede do Instituto Educacional, Social e Cultural do Estado do Rio Grande do Sul (Iscergs/Cufa-Esteio), entidade responsável por operacionalizar o repasse. Os beneficiados com o programa serão chamados pela Cufa para retirarem os cartões na sede da entidade (Rua 24 de Agosto, 230). O investimento total da Prefeitura no projeto será de R$ 272 mil.
Antes da entrega simbólica, o prefeito Leonardo Pascoal falou sobre o projeto, que nasceu quando ele ainda era vereador e foi instituído pela Lei 6.268, de dezembro de 2015. “Hoje é um dia importante para vocês e para nossa cidade. Sabemos que esse é um projeto polêmico, mas era necessário fazermos.
Seja pela mobilidade urbana ou pelo bem-estar dos animais, a sociedade não tolera mais o uso de veículos de tração animal”, afirmou. Pascoal disse que todas as cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre estão proibindo ou estudando proibir as populares “carroças” para fins de trabalho.
“A nossa diferença para a maioria é que a gente optou não apenas por proibir, mas em dar condições para que as famílias, que muitas vezes trabalham com os cavalos há décadas, tivessem outra forma de renda. Fizemos esse projeto para possibilitar que elas possam fazer uma transição menos traumática para outra atividade econômica que garanta o sustento de todos”, destacou.
Além de Pascoal, também entregaram os cartões os titulares das secretarias municipais de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (SMDEMA), Felipe Costella, e de Cidadania e Direitos Humanos (SMCDH), Katiane Marcos, e o coordenador da Cufa-Esteio, Eduardo Cardoso.
Para investir em novo início
Para ter direito às outras quatro parcelas de R$ 600, as famílias contempladas pelo projeto precisarão comprovar, através de documentos a serem entregues à Cufa, que compraram equipamentos, ferramentas ou insumos para o início de uma nova atividade econômica.
É o que pretende fazer Paola Xavier, 25 anos, e trabalha com carroça há cinco anos. Consciente de que a proibição dos veículos de tração animal é acertada, ela e a companheira já iniciaram a transição para uma nova forma de sustento. “A gente abriu uma tele-entrega de Açaí. Com o dinheiro, nós queremos comprar uma moto e investir mais no negócio”, contou “A carroça eu vou vender, mas e égua eu vou ficar”, comentou a moradora da Barreira que tem também um outro objetivo. “Estou estudando e quero concluir o meu ensino fundamental”, disse.
Outro que já tem ideia de onde investir os R$ 2 mil é Sidiomar Mendes de Souza, 51 anos, morador da Antena. Filho de “carroceiro” e “carroceiro” desde que se “conhece por gente”, ele pretende comprar uma bicicleta, uma máquina de cortar grama e percorrer a cidade oferecendo seus serviços. “Tenho cinco filhos e sou sozinho. Tenho que encontrar uma maneira de sustentar todo mundo”, afirmou.
Trabalho em etapas
A seleção das 60 famílias contempladas começou em maio, com uma pesquisa feita pelas secretarias municipais de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (SMDEMA) e de Cidadania e Direitos Humanos (SMCDH).
O levantamento tinha como objetivo saber em que condições os integrantes do grupo familiar viviam (abrangendo pontos como renda, educação e saúde, por exemplo), como estavam os animais que eles utilizam e qual seria a perspectiva de colocação dessas pessoas a partir da vigência da proibição do uso das carroças.
Em agosto, integrantes da Guarda Municipal, da Fiscalização de Trânsito e do Departamento de Bem-Estar Animal da SMDEMA participaram de capacitações sobre comportamento e bem-estar de equinos. Foram repassadas orientações aos agentes sobre formas de abordagem e como lidar com os equinos, evitando maus tratos e buscando tanto a segurança do cavalo quanto a das pessoas que estão ao redor durante ocorrências como, por exemplo, animais soltos na pista ou denúncias de maus-tratos.
No início de outubro, a Prefeitura iniciou as operações de orientação aos condutores de veículos de tração animal (VTAs) sobre a proibição de circulação. Servidores da SMDEMA, da Guarda Municipal e da Fiscalização de Trânsito abordaram pessoas em carroças e entregaram panfletos com informações sobre os cuidados necessários com a saúde e o bem-estar dos cavalos e sobre o que será permitido e proibido a partir da próxima segunda-feira.
A partir de segunda-feira (1º), os veículos de tração animal que estiverem sendo utilizados nas vias do Município serão parados. O cavalo ficará com seu proprietário e a carroça será recolhida, sendo liberada mediante pagamento da multa.
Fonte: Prefeitura Municipal de Esteio
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