Atrasado novamente, La Niña ainda pode se formar em janeiro de 2025. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, previa o início do fenômeno para os meses de novembro ou dezembro de 2024.
O boletim de dezembro da NOAA indica uma possibilidade de 59% de o fenômeno se formar até janeiro. Já a previsão divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com base no modelo do APEC Climate Center (APCC), centro de pesquisa da Coreia do Sul, aponta para uma probabilidade de 60% de que as condições de La Niña se desenvolvam durante o primeiro trimestre de 2025.
"Tipicamente, o La Niña se forma durante o inverno e agora está bem mais tardio. Atualmente, temos água mais frias no Oceano Pacífico, inclusive com temperatura abaixo do limiar característico do La Niña. Porém, para confirmar o fenômeno, é preciso que o oceano continue mais frio por algumas semanas. Isto deve se confirmar agora em janeiro", afirma Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Antes do atraso, os meteorologistas trabalhavam com a chance de o fenômeno aparecer já no início do segundo semestre. O motivo da demora, de acordo com Guilherme Borges, meteorologista da Climatempo, pode estar associado a circulação do vento e outros fatores.
"O que molda basicamente essa temperatura lá [no Pacífico] é a circulação do vento e a mistura das camadas do oceano. E isso é muito variável. Não dá para, meteorologicamente falando, indicar um culpado. Mas é possível identificar que o padrão de circulação do vento e a camada de mistura que talvez não tenham sido muito efetivos", explica Borges.
Segundo o Inmet, a tendência é de um fenômeno de curta duração. Lopes acredita que o La Niña pode durar até o início do outono, em março. Por outro lado, Borges defende que o fenômeno pode não se formar, mantendo o período de neutralidade até o ano que vem.
"Geralmente, o pico desses fenômenos é entre novembro e dezembro. Para definir o La Niña, a NOAA considera que tem que ser três meses consecutivos com a temperatura do Pacífico abaixo de 0,5°C. E essa temperatura ficou variando. Ora baixou, ora subiu, mas não caracterizou o La Niña. E há uma tendência de que ele não venha mais", acrescenta o meteorologista da Climatempo.
Para Borges, manter o período de neutralidade pode ser algo positivo, já que os efeitos do La Niña no Rio Grande do Sul costumam ser ruins. O fenômeno é caracterizado pela chuva irregular ou abaixo da média e pela alta temperatura.
Fonte: GZH
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