A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (15), uma nova etapa da operação que investiga tráfico internacional de drogas em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Os policiais cumprem cinco mandados de busca e apreensão em Brasília e Florianópolis (SC).
Essa é a 5ª fase da operação Quinta Coluna, que investiga um grupo que transportou 37 kg de cocaína em um avião da FAB, do Brasil para a Espanha, em 2019 e que resultou na prisão de um sargento brasileiro na Europa (relembre abaixo). A FAB disse que nenhum militar foi alvo da ação.
Nesta etapa, a Justiça Federal determinou o sequestro e o bloqueio de imóveis, R$ 3,6 milhões e de dois veículos de luxo. O nome do alvo não foi divulgado.
De acordo com a PF, as investigações apontam que o investigado usou parentes como "laranjas", movimentou valores em espécie e adquiriu bens. Além disso, o esquema também contou com a participação de empresas de fachada para "dissimular a propriedade de imóveis e a movimentação de dinheiro".
Os investigadores informaram ainda que esta fase da operação é para buscar mais provas relativas à lavagem de dinheiro praticada pelo chefe da associação criminosa, que levava drogas para Europa a partir de voos em aeronaves da FAB. Em uma das buscas, a Polícia Federal apreendeu R$ 354 mil em espécie.
Fases anteriores
O suposto esquema de envio de entorpecentes por meio de aviões militares veio à tona após a prisão do sargento brasileiro Manoel Silva Rodrigues, em junho de 2019, em Sevilha, na Espanha. Ele transportava a droga em voo da comitiva presidencial. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não estava na aeronave.
Em fevereiro de 2021, a PF deflagrou a primeira fase da operação Quinta Coluna. Além do uso de aeronaves militares para o tráfico, os investigadores apuram um esquema de lavagem de dinheiro. À época, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.
Um mês depois, a Justiça determinou a prisão de outros três militares e da esposa de Manoel Silva Rodrigues, por participação nos crimes.
Segundo a Polícia Federal, os investigados se associaram ao sargento preso na Espanha, "de forma estável e permanente, para a prática do crime de tráfico ilícito de drogas".
Em relação à lavagem de dinheiro, as investigações apontam "diversas estratégias do grupo criminoso" para ocultar os bens obtidos por meio do tráfico de drogas, "especialmente a aquisição de veículos e imóveis com pagamentos de altos valores em espécie", disse a PF.
Em outubro, os policiais prenderam um suspeito de ameaçar testemunhas da investigação. Segundo a PF, o preso também é apontado como um dos líderes e financiados do esquema criminoso.
Condenação na Espanha
Em fevereiro do ano passado, o sargento Manoel Silva Rodrigues foi condenado pela Justiça espanhola a seis anos e um dia de prisão, além do pagamento de multa de 2 milhões de euros.
Ele fez um acordo com a promotoria da Espanha e, às autoridades, contou que "se aproveitou da condição de militar" para cometer o crime.
O sargento disse ainda que deixaria a droga em um centro comercial de Sevilha. Rodrigues afirmou que foi a primeira vez que transportou drogas, mas admitiu que costumava revender no Brasil produtos comprados durante as viagens a trabalho, segundo ele, para complementar o baixo salário.
Os promotores espanhóis queriam uma pena maior para o sargento, de oito anos, mas concordaram em reduzir esse tempo porque Manoel Silva Rodrigues confessou o crime. Durante a audiência, ele falou pouco. O militar da FAB lamentou a situação e pediu desculpas ao povo espanhol.
Em setembro do ano passado, a Justiça da Espanha negou um pedido de transferência do militar. Com a decisão, ele precisa cumprir a pena integralmente no país europeu.
Fonte: G1
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