Quase 11 mil brasileiros morreram no ano passado tendo o HIV ou a Aids como causa básica, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta quinta-feira (30) para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids em 1º de dezembro.
Do total das 10.994 mortes registradas, os negros representam quase o dobro de brancos.
Foram 61,7% mortes entre pessoas negras, sendo 47% pardos e 14,7% pretas.
Os brancos representaram 35,6% do total.
Total de casos
Foram registrados 43.403 de casos com HIV no ano passado, de acordo com o novo boletim epidemiológico divulgado pela pasta. A estimativa é que um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil.
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2007 e junho de 2023, foram notificados 489.594 casos de infecção pelo HIV no Brasil. A maior incidência é entre homens e na faixa etária entre 25 e 39 anos.
A estatística é liderada pela região Sudeste, 203 mil; seguida do Nordeste, com 104 mil casos; Sul com 93 mil; Norte com 49 mil; e 38 mil no Centro-Oeste.
"A maior parte são jovens, meninos negros. Precisamos diminuir a inequidade no Brasil", explicou a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel.
A questão social também tem grande impacto nas estatísticas de HIV, explica Draurio Barreira, Diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do ministério.
"Há uma queda mais acentuada entre os casos em brancos de maior escolaridade. As vulnerabilidades são determinantes da questão do HIV, como de tantas outras doenças", afirmou durante a apresentação do boletim à imprensa.
Ainda segundo o diretor, o sistema de saúde precisa incluir essas pessoas da forma mais completa possível.
"O grande desafio é combater o estigma e a discriminação, fazer com que essas pessoas tenham portas abertas não só no sistema de saúde, mas também na sociedade civil, para ter acesso não só ao tratamento, mas ao diagnóstico e à profilaxia", disse.
Testagem
Na avaliação do ministério, o principal gargalo hoje é a testagem: testa-se pouco no país.
Para tentar reverter a situação, o Ministério da Saúde pretende distribuir 4 milhões de testes para detecção conjunta do HIV e da sífilis.
"A testagem precisa melhorar muito. Para todos os anos, as pessoas que foram testadas receberam o tratamento retroviral. A detecção pode melhorar, mas a oferta do tratamento tem sido satisfatória", disse Barreira.
Tratamento e profilaxia (prevenção)
Por outro lado, a avaliação da pasta é que o tratamento tem acompanhado a identificação da doença e dado conta de atender a todos que recebem o diagnóstico. Assim que uma pessoa recebe o diagnóstico do HIV, precisa iniciar o tratamento com antirretrovirais.
Um outro ponto sensível é a profilaxia para quem vai se expor ao risco do contato com o vírus. A profilaxia pré e pós exposição é oferecida gratuitamente pelo sistema de saúde, mas ainda há reclamações sobre a dificuldade de acesso.
A Profilaxia Pré-Exposição consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV.
Já a Profilaxia Pós-Exposição é o uso de medicamentos para pessoas que tiveram situações de risco de contágio, como violência sexual, relação sexual desprotegida ou acidente ocupacional (contato com material possivelmente contaminado).
A meta do Ministério da Saúde é fazer com que mais de 200 mil pessoas tenham acesso a profilaxia de pré-exposição por ano até 2026.
Atualmente, 73 mil pessoas são usuárias dos medicamentos de profilaxia, 45% a mais do que em 2022, quando 50 mi tiveram acesso.
A profilaxia pré-exposição também é mais acessada pela população branca (55,6%), em relação à população parda (31,4%), preta (12,6%) e indígena (0,4%).
A iniquidade também está presente no tratamento. Entre as pessoas com HIV, o índice de pessoas brancas que recebem tratamento é maior (89%) do que entre negras (86%) e indígenas (84%).
Entre as pessoas com alta escolaridade, mais de 90% recebem tratamento, índice que cai para 85% com pessoas com baixa escolaridade.
Fonte: g1
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