À beira-mar de Imbé, no Litoral Norte, existe um castelo. A caracterização é completa: erguido em pedras robustas, tem duas torres, mastro de bandeira, janelas em arco e é protegido por uma muralha, com direito a um enorme e pesado portão de madeira digno das fortalezas medievais europeias e popularizadas pelo cinema norte-americano.
Construído com tanta minúcia de detalhes, o prédio localizado em um terreno de esquina na avenida Beira-Mar, pertinho da Barra, virou uma cartão-postal e atrai turistas para fotos. É frequente a intriga de pessoas curiosas sobre o castelinho e seu proprietário. “É muito diferente, lindo. É minha primeira vez aqui e fiz questão de tirar uma foto”, conta a corretora de imóveis Géssica Lauany Velasques, de 24 anos, moradora de Lajeado, no Vale do Taquari.
O corretor de imóveis Francisco Barbosa da Costa tem 58 anos, mora em Imbé há nove anos e diz quase nunca ver os proprietários no imóvel durante uma semana. “Na maioria das vezes vemos os donos no fim de semana”, afirma.
A aposentada Suzana Rodrigues, de Porto Alegre, também demonstra curiosidade. “Eu estou aqui na praia faz uns trinta e dois anos, mais ou menos, e sempre chamou a atenção, principalmente os bonecos. Eu fico pensando quem é a pessoa que tá ali, né? Mas o melhor de tudo é a bandeira do Inter no mastro”, conta, destacando os monumentos da bruxa malvada e dos sete anões espalhados pelo jardim da casa.
O proprietário de um dos quiosques próximos do castelinho revela que é comum ver movimento na construção nos fins de semana. O comerciante, que pediu para não ser identificado, diz que muitas de pessoas param em frente à construção estilizada para olhar.
“Todo mundo tem curiosidade de saber o que tem lá dentro, tira fotos, é uma função o verão inteiro. O dono é bem reservado, conversa pouco, mas é bem na boa. Ele fica um pouco aí [na propriedade], só nos fins de semana. Ontem mesmo [domingo] teve uns clientes do quiosque que deram sorte, o encontraram no portão e foram lá conversar”.
A secretária administrativa Cláudia da Costa, de 23 anos, moradora de Tramandaí, já teve a oportunidade de conversar com o proprietário da residência que ela classifica como exótica. Sobre o dono do imóvel, ela apenas confirma a cordialidade relacionada pelo comerciante do quiosque. “Quando ele tá ali as pessoas passam para conversar, e ele atende de boas, a casa é um ponto turístico de Imbé”, resume Cláudia.
O vendedor José Roberto Santos da Silva, 45 anos, também conhece o dono da “fortaleza”. Ele vende redes e outros artigos artesanais à família. “Ele compra de mim desde 2015, todo verão sai alguma coisa. Hoje mesmo negociou uma manta de sofá comigo, é gente boa, paga sem pechinchar”, afirma Silva.
Os mistérios do castelinho
Uma curiosidade gera as mais diversas histórias sobre o imóvel. Contudo, não há nada de sobrenatural ou mítico na origem da construção, tampouco o espaço já tenha abrigado uma casa de festas ou guarda relação com o sobrenatural. E quem joga o balde de água fria no imaginário popular é o próprio dono do castelinho. “É só uma casa, nada demais”, conta.
Contrariando todas as expectativas, o “rei do castelo”, caminhava tranquilamente pela areia da praia e desesperado entre os plebeus na manhã da última quinta-feira (31). Trata-se de um senhor de idade e bastante simpático, na mesma proporção em que está reservado. “A casa é, na verdade da família. Mas a turma quer saber, é?”, perguntou o homem, aos risos.
Sem parar de caminhar, revelou ser um empresário da região de Passo Fundo, colorado de carteirinha, e que construiu o imóvel “há mais de 20 anos”. “Não tem que ter publicidade, amanhã aparece um bandido na minha frente e quem paga o pato sou eu. Não é o lugar para fazer entrevista, nem pra visitar, é lugar de descrição, de família, por isso que a casa é tão segura”, comentou, fazendo referência aos muros e ao excessivo número de câmeras de vigilância visíveis nos quatro cantos da “ fortaleza” litorânea que ocorreu décadas atrás.
Fonte: Correio do Povo
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