Auxílio Brasil: incertezas fazem pessoas amanhecerem em filas pelo país
- Andressa Deuner
- 11 de nov. de 2021
- 2 min de leitura

Beneficiários do Bolsa Família, programa de distribuição de renda federal encerrado no fim de outubro, estão passando noites na fila em postos em todo o país atrás de informações sobre o Auxílio Brasil.
Quem recebia o Auxílio Emergencial, que igualmente foi cancelado, também está buscando orientações nas unidades de assistência social — responsáveis pelo Cadastro Único (CadÚnico).
É pelo CadÚnico que o governo federal vai pagar o Auxílio Brasil. O Ministério da Cidadania afirma ainda que os inscritos do Bolsa Família receberão automaticamente o novo programa — mas existem pontos indefinidos (veja mais abaixo).
Famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza — com renda por pessoa de até R$ 200 —que não recebiam o Bolsa Família podem ser incluídas no CadÚnico, junto às prefeituras e governos estaduais.
Problemas pelo país
No Rio de Janeiro, Rita de Cássia era a primeira a ser atendida nesta quinta-feira (11) no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Paciência, na Zona Oeste. Era a segunda madrugada que ficava em claro e ao relento.
"Anteontem [de terça para quarta], cheguei às três da manhã e não consegui. Eles distribuem apenas 20 senhas por dia. Quem chegar depois não consegue nada", disse.
No Recife, uma mulher passou mal e foi socorrida.
Em Salvador, houve protesto na fila da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza.
Depois de um dia inteiro de filas na quarta, também houve quem chegou à noite para tentar ser atendido nesta quinta.
Em Manaus, longas filas voltaram a ser registradas nos Centros de Referência da Assistência Social na manhã desta quinta-feira (11).
No bairro Jorge Teixeira, a população começou a chegar ainda na noite de quarta-feira (10) para tentar atualizar o CadÚnico.
Pontos a definir
Pelo Brasil, as dúvidas mais comuns são: quem tem direito? É preciso se recadastrar? Qual será o valor a receber?
O governo reajustou o valor médio do benefício, mas o complemento para garantir um mínimo de R$ 400 ainda não é certeza. O valor médio, recém-reajustado, subiu para R$ 217,18.
A conta de exatamente quanto cada família vai receber depende do direito a outros benefícios que estão debaixo do guarda-chuva do Auxílio Brasil — como prêmios por desempenho escolar ou científico.
“Não há clareza sobre quais são os benefícios do Auxílio Brasil em relação ao Bolsa Família. No que o Auxílio Brasil aprimora o Bolsa Família?”, indagou Lauro Gonzalez, professor da FGV.
“Temos um programa que já tinha 18 anos e ele passa a ser descontinuado, não existe mais, e é substituído por alguma coisa cuja duração vai até fim de 2022. O que virá depois é uma incerteza”, emenda o professor.
Fonte: G1
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