
Conhecido há vários anos como Bar do Lauro ou Armazém do Lauro, o tradicional ponto de encontro já não é mais comandado pelo seu fundador. No entanto, sob a administração dos novos proprietários, Daniel Barth e Adriana Rodrigues, o espírito do lugar continua vivo. Mantendo costumes enraizados na memória dos frequentadores, o armazém segue firme no mesmo endereço há cerca de 60 anos, atravessando gerações e criando histórias.
O espaço sempre foi muito mais do que um simples comércio. É um ponto de encontro onde famílias jantam, amigos se reúnem para beber e conversar, casais fazem uma parada inesperada após um passeio – talvez porque faltava pó de café para terminar a noite. Ali, as relações humanas se misturam: um desconhecido entra na conversa e, em minutos, já se torna amigo, compartilhando sua história com quem estava sozinho. O Armazém do Lauro, atualmente chamado de Armazém dos Amigos, não é mais apenas um bar ou um armazém; é um refúgio de conexões genuínas.

Desde que assumiram o armazém, Daniel e Adri souberam equilibrar a tradição com a inovação. “As nossas inovações vieram mais fortes depois da enchente”, explica Adri. “Antes, o sábado era fechado. Agora, fazemos festas temáticas, como a festa mexicana de algumas semanas atrás, com decoração especial, guacamole e pratos típicos. A ideia é promover eventos diferentes todo mês, com shows de banda, rock, pagode e até DJ.”
Mesmo com o desejo de expandir, o casal entende que o armazém pertence àquele lugar: “Aquele espaço é histórico. São 58 anos de armazém. Vamos ficar ali, inovando na comida, com hambúrgueres e o tradicional picadão dos produtos coloniais, como queijos e salamitos”, conta Adri.
O armazém se destaca pela versatilidade. “Hoje, somos uma conveniência. Como eu brinco, tenho tudo: da agulha à naftalina. Nosso horário é estendido, das oito da manhã à uma e meia da tarde, com almoço à la minuta, e das três e meia até às dez da noite, servindo lanches e refeições”, detalha.
A trajetória do casal à frente do armazém não foi fácil. Durante a pandemia, precisaram adaptar o espaço, criando um pub ao lado para o inverno e ampliando o atendimento para a rua. Mas foi após a enchente, quando perderam metade de tudo, que o verdadeiro espírito comunitário se revelou: “Tivemos 1,80m de água dentro do armazém. Clientes e vizinhos, até aqueles que não frequentavam tanto, vieram nos ajudar. Recebemos apoio financeiro, braçal e muita solidariedade”, relembra Adri, emocionada.
A parceria com a Heineken foi essencial para a retomada: “Eles nos deram a humanização do lugar, mesas, guarda-sóis e uma nova vibe. Hoje, colocamos mais de 20 mesas na rua e somos um verdadeiro boteco, lembrando os bares do Rio de Janeiro e São Paulo.”
Além das inovações na estrutura e no cardápio, o público do Armazém dos Amigos também mudou. “Antes, havia um tabu entre as mulheres, que viam o armazém como um bar de senhores mais velhos. Hoje, recebemos desde turmas de amigas para comer pastel e tomar cerveja até famílias inteiras e clientes de todas as idades. É um ambiente democrático, sem preconceitos, onde todos se sentem à vontade”, destaca Adri.
Manter a tradição em meio à modernização não é tarefa fácil, mas Daniel e Adri estão determinados: “O maior desafio é não desistir. Nós não entramos na guerra para perder. Somos guerreiros e, mesmo com as dificuldades, estamos conseguindo. O armazém renasceu da lama e, hoje, segue firme como o Armazém dos Amigos.”, conclui.
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