Com mais de um milhão de habitantes com esquema vacinal completo contra a Covid-19 e redução das internações em leitos clínicos e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), Porto Alegre observa a diminuição do número de mortes por conta da doença e a melhora dos indicadores do sistema de saúde.
Após um ano e três meses contabilizando óbitos - todos os dias - em função do novo coronavírus, a Capital voltou a zerar os óbitos em um único dia, em 27 de setembro. A última vez que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não havia registrado mortes por Covid-19 foi em 20 de junho de 2020.
Nos dias 6 e 8 de outubro, a SMS também não registrou óbitos em função da doença. Desde 24 de março de 2020, quando foi registrada a primeira morte no município, houve aumento de mortes durante os meses seguintes. Em abril e maio, houve mortes em 15 dias de cada mês. O avanço da pandemia se refletiu em junho, quando em apenas quatro dias não houve mortes por Covid-19. Com agravamento da pandemia, Porto Alegre registrou mortes todos os dias durante um ano e dois meses - de 21 de junho de 2020 até 26 de setembro. Desde o início da pandemia, a Capital registrou 5.742 mortes por conta da Covid-19.
Na avaliação do secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta, os números atuais "estão muito favoráveis" e refletem na diminuição das hospitalizações em UTIs. Nesta quarta-feira, havia 96 pacientes com diagnóstico confirmado da doença. Segundo a SMS, é o menor número desde 21 de junho de 2020.
"Estamos com os números (de internação) bem menores do que tivemos em momentos mais difíceis. E se olharmos nos últimos três meses, está sempre diminuindo, melhorando. Os índices estão ficando bons e a gente espera que termine esse sofrimento todo, pare de ter óbitos, a gente consiga viver normalmente e a cidade volte ao normal, a economia volte ao normal e a vida volte ao normal dentro do possível", completa.
Sparta lembra que 99% da população acima de 12 anos já tomou a primeira dose da vacina e 83% têm esquema vacinal completo. "Isso nos dá esperança de que a pandemia está controlada. Tem poucos pedidos de internação por doenças respiratórias nas nossas UPAs", assinala.
O secretário afirmou que o uso de máscaras em ambientes abertos deve ser opcional. "Acredito que no Rio Grande do Sul, em breve, vamos ter essa possibilidade, já que a vacinação está muito adiantada, a doença diminuiu, as pessoas estão protegidas e os protocolos sanitários continuam. Claro que em ambiente fechado vai continuar por mais tempo o uso da máscara", avalia.
Epidemiologista destaca avanço da imunização contra a covid-19 na Capital
Assessora da Diretoria Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), a epidemiologista Jeruza Lavanholi Neyeloff atribui a diminuição do contágio, das internações e dos óbitos por Covid-19 à vacinação. "É um momento de bastante esperança, a gente vê todos os indicadores da cidade num sentido positivo. A gente segue vendo redução de casos, redução do número de pessoas internadas em CTI", ressalta.
"Já tivemos dias com zero óbitos, e os óbitos são os indicadores mais tardios, porque as coisas podem acontecer muito tempo depois das infecções. Então é a última coisa que cai. A gente perceber o número de óbitos caindo é sempre muito bom", completa.
Ao afirmar que a Capital tem mais de 80% da população com esquema vacinal completo, Jeruza explica que a alta taxa de vacinação reflete na estabilização dos casos da doença. "Porto Alegre avançou consideravelmente na vacinação acima de 12 anos, mais do que o estado como um todo.
No RS, chegamos a 65% do público entre 12 e 14 anos com uma dose. E quando olhamos especificamente Porto Alegre, a gente está chegando a quase 80%. Então Porto Alegre tem uma taxa de vacinação maior do que a média do estado", compara.
Conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES), após seis meses de queda no número de óbitos por Covid-19, o Estado voltou a registrar aumento de mortes em outubro, com 624 óbitos. Em setembro foram 607.
Jeruza destaca que é "difícil ver o estado como um todo", porque tem diferentes regiões que podem estar influenciadas por questões diferentes.
"De forma geral não tem aparecido preocupação porque essa variação entre número de casos e de óbitos é num patamar relativamente baixo e pode ser reflexo de coisas mais anteriores. Se a gente pensar que uma internação em CTI às vezes demora dois meses para ter seu desfecho, os desfechos de agora foram derivados de coisas lá atrás", avalia. Além do crescimento do número de mortes, o RS também voltou a apresentar aumento de contágio em outubro, com 28.220 casos confirmados em outubro, 3.206 casos a mais do que em setembro. "Talvez o aumento no interior não reflita na Capital porque as cidades estão mais longes da Região Metropolitana, que também tem boas taxas de vacinação e bons controles da doença", sustenta.
Mesmo com as altas taxas de vacinação na Capital, Jeruza alerta que a população deve concluir o esquema vacinal para impedir a disseminação do vírus. Conforme a epidemiologista, mesmo com cenário favorável, é preciso monitorar novos casos e novas internações em enfermaria e CTI.
"É possível, e bastante provável, inclusive, que a gente siga tendo casos de Covid-19, mas a gente vai ter que começar a acompanhar a quantidade de internações, porque a gente pode seguir registrando casos de menor gravidade, principalmente se a gente seguir diagnosticando bem", conclui.
Fonte: Correio do Povo
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