Alexandre de Moraes determina prisão preventiva e extradição de blogueiro bolsonarista
- Guilbert Trendt
- 21 de out. de 2021
- 2 min de leitura

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva e, ao Ministério da Justiça, o início imediato do processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Moraes ordenou ainda que a Polícia Federal inclua o mandado de prisão na lista da Difusão Vermelha da Interpol, para garantir que Santos seja capturado e retorne ao Brasil. Também foi acionada a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
A TV Globo teve acesso ao processo que envolve a prisão de Allan dos Santos. A decisão de Moraes, do último dia 5, atende a um pedido da Polícia Federal. A Procuradoria-Geral da República se manifestou contra a prisão.
Allan dos Santos é um dos aliados mais próximos da família Bolsonaro. Ele é investigado no Supremo em dois inquéritos: o que apura a divulgação de fake news e ataques a integrantes da Corte e também o que identificou a atuação de uma milícia digital que trabalha contra a democracia e as instituições.
Após ter sido alvo de operações, Allan dos Santos deixou o Brasil e entrou nos Estados Unidos em 12 de agosto de 2020, com permissão para permanecer até 11 de fevereiro de 2021.
Suspeitas da PF
Ao STF, a PF apontou que o blogueiro, “a pretexto de atuar como jornalista”, assumiu a condição de um dos organizadores de um movimento responsável por ataques à Constituição, aos poderes de Estado e à democracia.
A suspeita é de que essas ações podem ter sido financiadas com recursos públicos a partir da interlocução que mantém com a família Bolsonaro e com parlamentares bolsonaristas.
A PF afirma ainda que, principalmente, por meios digitais, Allan dos Santos e seu grupo pregam deliberadamente:
o fim de instituições democráticas, como a democracia representativa (busca queda de prefeitos e governadores eleitos e o fechamento do Congresso Nacional);
contra a tripartição dos poderes (defendem o fechamento do Supremo Tribunal Federal como forma de garantia de governabilidade pelo presidente da República).
intervenção militar.
De acordo com as investigações, essas mensagens são propagadas em multicanais, de forma rápida, contínua e repetitiva, com o objetivo de formar uma "primeira impressão duradoura" no leitor, sem compromisso com a verdade e sem compromisso com a consistência do discurso.
Essas medidas estariam sendo propagadas desde 2018 e extrapolam a liberdade de expressão porque propagam discurso de ódio. O objetivo seria ganhar “vantagem econômica oriunda da monetização e de doações e tendo como consequência a desestabilização do Estado Democrático de Direito”.
Para a PF, a conduta de Allan dos Santos pode configurar crimes de organização criminosa, ameaça, crime contra a honra e incitação à prática de crimes, entre outros.
A delegada Denisse Ribeiro, da PF, afirmou que um dos principais motivos para Allan dos Santos integrar o grupo que divulga as mensagens antidemocráticas é "fazer dinheiro".
“Fato relevante é que, embora Allan Lopes dos Santos se apresente como um dos principais articuladores e interlocutores do grupo, atuando, entre outras frentes na criação de grupos de discussão e no agendamento de reuniões; na instigação de agentes públicos a agir contra a lei; na difusão de teorias conspiratórias voltadas a desacreditar pessoas ou instituições, sua aderência à associação identificada se faz mais por motivos venais, utilizando o caminho do agravamento da polarização político-ideológica com o principal objetivo de 'fazer dinheiro'", escreveu a delegada.
Fonte: g1
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