Tudo começou com um general no Supremo. Alguém soprou para o Toffoli, então presidente do STF, o nome do general Fernando Azevedo e Silva, para seu assessor militar.
Estranho, né? Um general no Supremo, muito estranho. Mas, aconteceu e ficou tudo às mil maravilhas, tanto para o Toffoli, como para seu assessor, o general.
Aí o Bolsonaro assumiu o Executivo e uma de suas primeiras providências foi nomear esse mesmo general, como seu ministro da Defesa. Outra vez, estranho né?
Mas coisas ruins começaram a acontecer, a partir da demissão do Sérgio Moro do Ministério da Justiça. E deu zebra para Bolsonaro, com o primeiro gol contra: o ministro do STF Alexandre de Moraes impediu a posse do escolhido para suceder Moro. Desde então, Bolsonaro perdeu todas no Supremo, levou pau por todos os lados.
E a coisa foi piorando. No primeiro de seus pronunciamentos contra o STF, Bolsonaro chegou a dizer: “agora chega”. E todo mundo pensou que seria o fim do STF. Mas, não foi. Bolsonaro demitiu o general amigo do Toffoli, mudou os comandantes das três armas. Mas tudo continuou como dantes, ou pior, quando Alexandre começou a prender gente aliada a Bolsonaro. E Bolsonaro dando indiretas, recados ameaçadores. Mas, Alexandre de Moraes e o STF, nem aí para o Bolsonaro. Todos se sentiam seguros, donos da bola, para fazer gol de impedimento e com a mão.
Até que houve o 7 de setembro, que alguns temiam e outros esperavam como dia da virada. Nunca, ao que se saiba, um presidente da República conseguiu mobilizar tanto povo a seu favor, nas ruas. Sentindo-se prestigiado, endeusado, Bolsonaro partiu para o ataque contra o STF, soltou a língua, virou fera, rugiu como leão.
Mas, no dia seguinte pediu água, pediu intermediação do Temer para se chegar a Alexandre de Moraes, baixou a bola, falou em paz, se desarmou. Deixou abestalhado, de boca aberta, frustrado, pê da cara, o povo que estava ao lado dele para o que desse e viesse.
Acontece que esse povo desconhecia o mito do cavalo de Troia, usado pelo STF. E Toffoli deve estar se arrebentando de rir.
JOÃO EICHBAUM, É ESCRITOR E CRONISTA
Comments