Nesta quarta- feira (13), o Programa Start News recebeu Aldair José da Silva, coordenador do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) na Ocupação Steigleder, e Mariana de Mattos, representante do Grupo de Trabalho da Cultura do MNLM. Na conversa eles trouxeram à pauta o 1º Festival das Ocupações de São Leopoldo.
O evento, que acontecerá no Galpão Padre Orestes, nesta sexta-feira (15) e sábado (16), vai promover atividades culturais e de integração para as comunidades das ocupações.
A luta além da moradia
Durante a conversa, Aldair destacou que a demanda pela habitação vai além de simplesmente "ter um teto". Para ele, a luta pela moradia carrega consigo uma série de questões que dizem respeito ao bem-estar integral das famílias. "Quando a gente fala em habitação, não estamos falando apenas de uma casa. Atrás dela vem o bem-estar da família, vem a educação, vem a saúde, a infraestrutura, e locais de convivência”, explicou Aldair, que reforçou a amplitude da causa social.
Ele ressaltou que as ocupações também enfrenta, dificuldades burocráticas pela ausência de regularização, como a falta de um CEP próprio. Essa situação impede os moradores de acessar determinados recursos do governo, inclusive programas assistenciais. "Muita gente não recebe nada, não consegue acessar serviços básicos simplesmente por não ter um endereço formal", afirmou o coordenador do movimento na Ocupação Steigleder.
Cultura como ferramenta de inclusão
Mariana de Mattos explicou que o movimento busca não só o direito à moradia, mas também a inclusão das ocupações no contexto urbano e social. Desde o início do GT de Cultura em 2023, a proposta é fomentar a cultura e facilitar o acesso à arte e lazer. Ela contou sobre o processo de criação do festival, destacando que o evento não só valoriza a cultura local, mas é um passo para integrar as ocupações na sociedade, tornando-as menos invisíveis e marginalizadas. "Não é só adquirir a casa, mas também levar para os espaços calçamento, saneamento, educação, saúde", enfatizou. Além disso, Mariana reforçou que, por meio do festival, o MNLM promove a identidade cultural das ocupações e fortalece a autoestima dos moradores.
Com uma programação que inclui desde oficinas infantis até apresentações de bandas e batalhas de rap, o festival também contará com transporte gratuito, permitindo que moradores de diversas ocupações participem do evento. Para Mariana, é uma forma de "fazer com que o festival seja de toda a comunidade". A escolha do Galpão Padre Orestes como local do evento não foi aleatória: o galpão é um espaço conhecido e querido entre as ocupações, abrigando atividades regulares como musicalização infantil, cozinha comunitária e oficinas de educação.
O festival e a valorização da cultura local
Com mais de 14 atrações culturais confirmadas, o festival promete agradar diferentes públicos e faixas etárias. Mariana mencionou que a programação terá bandas de pagode, sertanejo e funk, além de DJs e um mutirão de grafitti. "Na sexta-feira será um dia mais jovem, com batalhas de rima, mutirão de grafitti, apresentação da banda Preconceito Zero e a rapper Amanda VDT, todos artistas locais”, detalhou Mariana, que espera que o evento mobilize cerca de 200 pessoas por dia.
No sábado, as atividades serão mais voltadas para as famílias, com recreação infantil, apresentações teatrais e a musicalização infantil das crianças da Ocupação Steigleder. No fim da tarde, o público poderá desfrutar de apresentações de samba com a Escola de Samba Império do Sol e funk com o DJ Cassinho, entre outras atrações. Mariana também ressaltou que o evento contará com um bar e um espaço dedicado ao lanche gratuito para as crianças, graças a parcerias com projetos locais.
Integração e mobilização comunitária
Para Aldair, o festival representa uma conquista coletiva e um exemplo da força de mobilização do movimento. Ele mencionou que o MNLM conquistou importantes avanços na Ocupação Steigleder ao longo dos anos, incluindo a regularização de parte da terra e a inclusão de projetos habitacionais como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Contudo, Aldair destacou que ainda há muito a ser feito: “Conquistamos a terra, conseguimos avançar, mas precisamos de um comprometimento contínuo do governo para garantir a permanência das famílias."
Segundo ele, a participação ativa dos próprios moradores na construção e melhoria das moradias fortalece o sentido de pertencimento e de luta pelo espaço. “O movimento é feito de pais, mães, trabalhadores do dia a dia”, afirmou, explicando que essa é uma luta diária e permanente por dignidade e respeito. Para o coordenador, o festival é uma oportunidade de celebrar essas vitórias e continuar a luta por novos avanços, mobilizando a comunidade em prol de uma causa comum.
O 1º Festival das Ocupações de São Leopoldo representa, portanto, mais que um evento cultural. Ele é uma celebração do esforço e da luta pela inclusão e pela justiça social das ocupações. Para Mariana e Aldair, o festival é um símbolo do potencial de união e resistência, e eles esperam que se torne uma tradição anual para inspirar e fortalecer as comunidades de ocupação na região.
Confira a programação a completa:
Sexta-feira - 15/11
9h: Mutirão de graffiti;
14h: Abertura do Festival;
15h: Oficina de Capoeira Hey Lucas;
16h: Slam São Hell;
17h: Preconceito Zero;
18h: Batalha São Hell;
19h: Família VDT;
20h: Grupo Sintonia.
Sábado - 16/11
14h às 15h: Recreação infantil;
15h: Grupo Quixotescos;
16h Gilnei Lucas;
17h: Recreação infantil;
18h: Lilly;
19h: Império do Sol;
20h: DJ Cassinho.
A gravação completa do Programa Start News está disponível nos canais da TV Start News no YouTube e Facebook, e tem reprise nesta quarta-feira (13), às 20h20, na radiostart.com.br.
Confira a entrevista completa:
Amanda Wolff, da Redação Start
Kommentare