A Alemanha enquanto país passou a existir a partir de 1871, com a unificação da maioria de um grande número de pequenos reinos e estados autônomos de fala alemã. Antes da unificação, existiam 42 reinos, principados e ducados alemães. Carlos Henrique Hunsche em
seu livro O ano 1826 da Imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul, descreve sobre como eram as principais regiões da Alemanha no século XIX, após 1815 o mapa foi estruturado pelo Congresso de Viena onde as terras foram repartidas e negociadas entre os principais vencedores das guerras napoleônicas, Áustria, Inglaterra, Rússia e Prússia. “Ao norte da fronteira suíça começa o território do Grão-Ducado de Baden, seguindo o curso do Reno em direção ao norte.
Ao leste situam-se o reino de Wüttemberg, o reino da Baviera e o Império da Áustria. Seguem ao norte, divididos pelos rios Reno e Meno, os quatro estados de Hessen, com as suas fronteiras pitorescamente recortadas: o Grão-Ducado de Hessen-Darmstadt, o principado eleitoral de Hessen-Kassel, o Ducado de Hessen-Nassau e o Condado de Hessen-Homburg.
Seguem ao norte, ao lado esquerdo do Reno (Preussische Rhein-provinz) e, ao lado direito, a província da Westfália, pertencente também a poderosa Prússia depois do Congresso de Viena. Entre a Westfália e a fronteira setentrional da Alemanha com o Reino da Dinamarca (não pertencente aos Estados Alemães), situam-se o Reino de Hannover, unido a Inglaterra pelo mesmo monarca; o Grão-Ducado de Oldenburg, com uma pequena possessão encrava ao lado esquerdo do Reno, chamada Birkenfelder Land; os Ducados de Holstein e Lauenburg pertencentes, então ao rei da Dinamarca e, ainda, as três cidades livres hanseáticas de Bremen sobre o Rio Aller, Hamburgo sobre o rio Elba e Lübeck sobre o Mar Báltico. Finalmente mencionados o Grão-Ducado de Mecklenburg, o Reino da Saxônia e os diversos Estados da Turíngia.
A vida sob o regime feudal
Recuando mais no tempo, constatamos que os avós dos nossos imigrantes viveram no Sacro Império Romano de Nação Germânica, sob o sistema social feudal. As terras eram propriedade dos nobres, a maioria senhores feudais. Em troca de algum tipo de proteção, viviam numa gleba de terras, dentro de um feudo, servindo a um senhor, pagando pesados tributos sobre tudo o que produziam. Foi um período bastante difícil para essas pessoas. Poucos sabiam ler e escrever. Os esparsos documentos escritos da época tratavam dos interesses dos nobres. Apenas alguns poucos escritos da época dos senhores feudais e da Idade Média, foram preservados através dos tempos, chegando até nós. Nesses raros documentos, pequenas frases ou palavras podem esconder respostas para perguntas intrigantes. A história e os costumes das diversas épocas, mesmo escritas sob a ótica dos dominadores, sempre nos permitem elucidar fatos do outro lado: o dos oprimidos. A maioria dos imigrantes que se estabeleceram em nossa região pertenciam a grande parcela da população que não possuía títulos nem grandes propriedades. Os nobres e os senhores dos castelos nas diversas localidades mantiveram o regime social feudal nos séculos XVI, XVII e XVIII, com o apoio da Igreja Católica, que tinha uma estrutura idêntica.
Os Senhores cobravam pesados tributos dos servos em seus feudos, para manterem seus privilégios. A Igreja Católica cobrava o dízimo. Assim, foram preservadas muitas listas de moradores e listas de tributos nos permitem encontrar algumas informações, ainda que bastante fragmentadas, dos povoados de origem de nossos antepassados. Em muitas regiões da Alemanha, as listas do imposto da guerra contra os turcos (Türkensteuer), em 1542, acabaram sendo as primeiras listas de moradores.
Napoleão acaba com o poder dos nobres e da Igreja
Nos Estados de fala alemã e outros países da Europa, as relações sociais feudais duraram até a Revolução Francesa. Desde os tempos feudais havia uma relação estreita entre Igreja e Estado. Há muitos casos de famílias reais onde o filho primogênito era o herdeiro do trono e o segundo filho era o bispo da Igreja Católica.
Com a Revolução Francesa em 1789, caiu o sistema feudal e a estrutura da Igreja na França. A Europa passava pela primeira grande transformação depois da Reforma Protestante liderada por Lutero. Foi um período obscuro pelo qual a França passou, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799. A Revolução alterou o quadro político e social da França, os privilégios do clero e da nobreza foram extirpados. (Desenvolver bem mais).
No final da Revolução um militar ganhou amplo destaque, era Napoleão Bonaparte. A partir de 1803, Napoleão deu início as chamadas Guerras Napoleônicas, série de conflitos armados contra quase todos os Estados europeus. O Hunsrück era uma região muito próxima da França, que juntamente com as províncias de Saar, Alsácia e Lorena, já haviam sofrido nas mãos dos franceses durante diversas ocupações militares, entre elas: durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-48) e a Guerra dos Nove Anos (1688-97). Partes da Prússia foram invadidas nos primeiros anos pelo exército francês, que conquistou novamente o território a oeste do Reno e o anexou a essa região.
Com a ocupação de parte da Alemanha pela França (todo o lado esquerdo do Rio Reno), caiu o sistema social feudal e a estrutura da Igreja na região. Os bens da Igreja são secularizados e leiloados. Os livros de registros das paróquias são recolhidos em 1798. São criados os registros civis, inicialmente feitos em francês pelos prepostos franceses nas regiões ocupadas da Alemanha. O calendário passou a ser o da República Francesa.
Colaboração: Felipe Kunh Braun
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